Mesmo em tempo de mil dificuldades, nove governantes pediram subsídio de alojamento.
Esse “negócio” só lhes rendia mais 1.400 euros/mês, nada mau com a crise que para aí vai. Pasme-se e repudie-se.
Clame-se e exija-se decência. Hoje mais do que nunca, o exemplo tem de vir de cima.
Como tudo deve ser feito com muita transparência para evitar a maledicência e não levarem com o rótulo geral (injusto para alguns) de são todos iguais, farinha (ou farelo) do mesmo saco.
Descobertos, entalados com as notícias vindas a público, não tiveram outro remédio senão disporem-se a renunciar a esse direito. Mas só três o fizeram: Aguiar Branco, Miguel Macedo e José Cesário, que até têm casa em Lisboa.
Ai os safados! Ninguém entende estes aproveitamentos, quando o Governo não faz outra coisa senão pedir sacrifícios. Os outros seis, todos secretários de Estado, ficam a usufruir deste subsídio. Entende-se, não podiam ir dormir para debaixo da ponte.
Todavia, sublinhe-se que o Ministro da Economia, Álvaro dos Santos Pereira, apesar de ter vindo do Canadá, nem sequer se encostou à mama. Ainda há políticos que entendem as nossas dores e dão o exemplo. Pelo menos aqui, ganha pontos, o que já não acontece na Economia. Tem sempre a sombra de Victor Gaspar, ministro das Finanças. Tem poucas margens de manobra.
A propósito de transparência, diga-se que Passos Coelho devia dizer primeiro cá dentro o que por vezes anuncia lá fora. Como foi agora na cimeira de Assunção (Paraguay) em que esteve presente também Cavaco Silva com uma excessiva comitiva neste tempo de crise. Anunciou a renegociação com a Troika das condições impostas.
Apesar de boa notícia, fica-lhe tão mal como esse “animal feroz” da política, Sócrates, andar a pressionar os deputados a votarem contra o Orçamento.
Já para não falar nos trezentos e tal milhões de euros supostamente postos no paraíso fiscal de Caimão.
Seria tão baixo e vil, que eu nem quero acreditar.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 3 de Novembro de 2011
