O general Garcia Leandro diz que as declarações de Otelo Saraiva de Carvalho sobre a possibilidade de uma revolta militar em Portugal "não têm classificação possível" e são "um caminho para a asneira".
"Essas declarações não têm qualquer sentido. Vivemos em democracia, não há qualquer intervenção das Forças Armadas na resolução de problemas que são de carácter político e social. É tão simples como isso. Em qualquer país democrático é assim que funciona.
Portugal não é uma excepção", disse à agência Lusa Garcia Leandro, que já dirigiu o Instituto de Defesa Nacional e o Observatório de Segurança e Terrorismo.
O coronel Otelo Saraiva de Carvalho disse, na quarta-feira, em entrevista à agência Lusa, que se forem ultrapassados os limites, com perda de mais direitos, a resposta pode ser um golpe militar, mais fácil do que em 1974.
Para o general Garcia Leandro, "o coronel Otelo é um homem com muitas personalidades", e estas declarações "não têm classificação possível, ninguém as leva a sério e são o caminho para a asneira".
Garcia Leandro destacou que o Governo português "é apoiado por uma maioria parlamentar e, no que diz respeito às grandes medidas de carácter orçamental ainda tem o apoio e a responsabilidade do PS, portanto há quase 80% de apoio" do eleitorado.
"É nessa base que se tem de resolver os problemas nacionais e não de outra maneira. Nem são as manifestações de rua nem são essas ideias um bocadinho estranhas e anormais e anacrónicas de intervenção de 800 militares que resolvem o problema", acrescentou o general, que foi governador de Macau entre 1974 e 1979.
Portugal é um país com "estabilidade" e "tem de ser com essa estabilidade e com o funcionamento normal das instituições que representam a sociedade organizada, ou seja, o Estado, que isto se vai resolver", acrescentou, concluindo: "Não há outra alternativa com estabilidade, de outra maneira é o caminho para a asneira".
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