quinta-feira, 6 de outubro de 2011

JARDINS E ISALTINOS

Três nomes na berra pelos piores motivos: Jardim que, cheio de bazófias e provocações, ajudou a aumentar a possibilidade do país ter grandes dificuldades em pagar a dívida e, de longe, também nos assalta a carteira; Duarte Lima, considerado arguido pela morte da multimilionária mulher de Tomé Feteira, e Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras, condenado pelo Tribunal de Sintra em 2009 por quatro crimes: fraude fiscal, abuso de poder, corrupção passiva por acto ilícito e branqueamento de capitais. A ligar os três maus exemplos, o dinheiro.

Como no caso BPN que era um caso de polícia e passou para o âmbito da Justiça, para alívio de uns tantos.

Deixemos de lado os dois primeiros. O segundo é exemplar de como o dinheiro consegue dar uma ajuda a quem o tem em abundância e de como obriga a Justiça a dar cambalhotas. Não era Padre António Vieira que dizia que o dinheiro tudo compra, tudo corrompe? Quem tem dinheiro tem bons advogados que montam estratégias de defesa escudadas em recurso sobre recurso e outros expedientes, legítimos é certo, mas impedindo a celeridade necessária.

Arrastam processos, minam a Justiça. O resultado são os sucessivos adiamentos e, em muitos casos, a prescrição, a safa do arguido. Se fosse em ombro de gente remediada, em pouco tempo, era remetida para a cadeia. Deste caso, esta é a sensação que resta. Infelizmente, mais uma vez, fica mal a Justiça que em 24 horas manda Isaltino para a cadeia e o liberta. Por causa de um buraco no processo.

Afinal, havia mais um recurso, que o juíz desconhecia e tinha obrigação de conhecer. E logo Isaltino, que já vira diminuir uma primeira pena de sete anos de prisão efectiva para dois no Tribunal de Relação de Lisboa, exulta e confessa-se confiante na Justiça. Pudera! Não será este o último passo para mais uma vergonhosa prescrição?

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 6 de Outubro de 2011