O maior e mais complexo vírus jamais visto acaba de ser descoberto por cientistas franceses ao largo do Chile.
Baptizado Megavirus chilensis e isolado ao largo da costa chilena, é hoje descrito por Jean-Michel Claverie e colegas, da Universidade Aix-Marseille, França, na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, como sendo “cabeludo e com espigas na cabeça”.
Recorde-se que um vírus é basicamente uma molécula de material genético dentro de um invólucro de proteínas e que precisa de parasitar células, por exemplo vegetais ou animais, para se conseguir replicar.
O novo vírus é ainda maior do que o anterior detentor do recorde, o Mimivirus, que foi descoberto em 2003 e possui mais de mil genes – o que o torna mais complexo do que muitas bactérias. Já o Megavirus chilensis é 15 % maior do que Mimivirus, com a sua sequência genética a comandar o fabrico de 1120 proteínas diferentes. “Não conhecemos o hospedeiro natural de Megavirus chilensis, mas ele não parece ser patogénico para os seres humanos”, diz Claverie, citado pela AFP.
Os dois vírus apresentam contudo 594 genes em comum. Para o investigador, isso confirma a hipótese, que a sua equipa já tinha avançado anteriormente, de “que os vírus gigantes provêm do genoma (ADN) de uma célula ancestral, talvez (...) do tipo das que compõem as plantas e os animais actuais.”
Terão começado por ser maiores para mais tarde encolherem, perdendo certas funções que não lhe eram necessárias, uma vez que elas existem dentro das células que esses vírus infectam.
Nesse sentido, estes vírus não seriam “ladrões” que roubam genes ao acaso às células que infectam, como pensam alguns, diz ainda Claverie, mas antes “fósseis vivos” de organismos celulares ancestrais.
Ana Gerschenfeld, aqui