Há dias, alguém do BE dizia qualquer coisa como "a governação de Alberto João Jardim (AJJ) é uma vigarice pegada".
De resto, o dr. Louçã, com a voz da razão, carregando sempre no R e no til, costuma dizer que a Madeira é a versão atlântica do Ali Babá e os 40 ladrões. A imagem é muito bonita, sim senhora (confesso que invejo o potencial de metáforas do dr. Louçã), mas não está correcta.
Até prova em contrário, AJJ não é vigarista. O homem não é um vígaro, é apenas um socialista parado no tempo. Os meninos do PS que não comecem aos pulinhos e a bater com o pé no chão. Aqui, o termo socialista não é referente aos militantes do PS, mas sim ao velhinho e clássico socialismo. Neste sentido, o dr. Alberto é mais parecido com Alegre e Louçã do que com a maioria dos sociais-democratas que compõem o PS atual.
Sim, AJJ é muito parecido com Alegre e Louçã. Aliás, a governação da Madeira é o sonho de qualquer socialista da velha guarda. Segundo os jornais, o governo regional emprega quase 40% da população activa da Madeira, e toda a economia depende directa ou indirectamente das decisões do governo. Ou seja, AJJ é que é o cubano, porque estes dados indicam que a Madeira é uma sociedade absolutamente cubana, absolutamente socialista. O dr. Alberto transformou a Madeira numa espécie de Cuba com acesso aos mercados de capital. Por outras palavras, a Madeira tem o pior do socialismo (o autoritarismo) e o pior do capitalismo (a medusa do crédito fácil). E, por falar em crédito, AJJ partilha ainda outra causa com os socialistas do continente: também não quer limites constitucionais ao endividamento soberano. Tal como Sócrates em 2009 e 2010, AJJ também diz que tem muito "orgulho na dívida".
Moral da história? A velha esquerda do continente devia andar com AJJ num andor, porque o líder madeirense cumpriu o velho sonho socialista, a saber: o Estado não deve ser apenas o motor da economia, o Estado deve tutelar todos os aspectos da sociedade. No fundo, AJJ foi muito escrupuloso no cumprimento do preâmbulo da Constituição.
Henrique Raposo, aqui