O debate sobre a “regionalização” administrativa do país está lançado: quantos concelhos vamos ter em 2013 e quantas freguesias continuarão a fazer parte do mapa autárquico nacional?
E muito embora a “troika” e os documentos políticos que Portugal e as entidades legítimas assinaram (incluindo o CDS, PS e PSD), tendo em vista o empréstimo “salvador” da previsível bancarrota e no valor de 78 mil milhões a isso obrigava, dado o despesismo doentio e continuado de muitas autarquias, engordadas que foram muitas das suas estruturas dirigentes, empresas municipais e derivadas, importaria que a política e os políticos (também da nossa terra) fizessem uma reflexão acerca das razões que nos levaram até aqui, o que falhou e se não estivemos à altura da tão necessária responsabilidade política, no respeito pela Democracia e na atenção permanente ao que os cidadãos esperavam de nós.
Chegaram até hoje, a Portugal, largos e continuados fundos europeus: ainda o último “pacote”, o QREN, no valor de 21,4 mi milhões de euros, inundou autarquias e Águeda beneficiou das verbas a que se candidatou.
Afinal, por muito lado e entre nós, não se fizeram as obras a tempo e horas, não se estabeleceram os caminhos mais sérios para o desenvolvimento, não soubemos construir uma dinâmica política capaz de cimentar o emprego, o comércio, a indústria.
E a serra, a sua desertificação, visível nas cinco freguesias serranas de Águeda, um vasto campo aberto e à espera de quem melhor olhe por ela?
A hora do “PDM político autárquico” chegou, sem apelo nem agravo: a troika e os credores externos ditam as penalizações para quem não soube estar à altura da administração do poder local.
“Águeda, um concelho, 20 freguesias” foi sempre o slogan de palanque aguedense, da esquerda à direita e ao centro.
Mas hoje, em Setembro de 2011, será que o povo do concelho acompanha a política autárquica - oposição e situação quando da luz, da água, do saneamento, da saúde, da justiça, se tem que dirigir a um qualquer “call center”, ou a Aveiro, Anadia e Coimbra?
Ou, ao contrário, como em recente entrevista a Soberania do Povo, do vice-presidente da Câmara de Águeda, Jorge Almeida, não vale a pena fazer ondas “porque algumas freguesias podem desaparecer” e Águeda até vai parar a Oliveira do Bairro, dizemos nós?
Há quem diga e a História ensina que o povo é sempre o guardião da sua terra, das suas raízes: mudam os políticos, mas fica sempre a sua entidade, a sua cultura e a sua força para o transmitir às gerações futuras.
“Águeda, um concelho, 20 freguesias”. Esta deverá ser, ao menos uma vez, a bandeira política de Águeda, a erguer bem alto, sem partidarismos e até às últimas consequências.
Como dizia Orson Welles, “mesmo quando já não havia nenhuma esperança, procurei dar sempre o melhor de mim”.
Acompanhas-nos, Beatriz?
José Neves, aqui