terça-feira, 16 de agosto de 2011

VELHOS SOMOS TODOS

Portugal já viveu com os seus velhos sem lhes chamar terceira idade.

Não vivíamos melhor, não tínhamos tantos carros, cartões, nem tão boa saúde ou educação, nem tantos eufemismos até para falar da crise, mas ouvíamos mais quem contava – por bem saber – como era "a chatice de ser velho".

Soubemos que a moderna depressão é doença de velhos e no CM escreveu-se que, em Portugal, "mais de um terço das mulheres com idade superior a 80 anos e cerca de um terço dos homens" sofrem do mal. Sintomas como perda de interesse e a tristeza são confundidos com outras doenças ou com a profunda chatice que é envelhecer – e porque os tempos são estes, sozinho e a contar cêntimos.

"Envelhecemos, há cada vez menos jovens e cada vez mais idosos. O número de pessoas com mais de 65 anos é superior ao número de jovens com menos de 15 anos." (António Barreto, ‘Portugal, um retrato social’). Somos menos e viveremos mais. Precisaremos de companhia, reforma e sopinha. E é porque saberemos o que é "a chatice de ser velho" que esta crise que nos deprime não pode servir de justificação a todos os cortes sociais. Velhos são, afinal, os velhos e não os trapos.

Fernanda Cachão, aqui