A novel deputada do PSD Joana Reis Lopes é uma jovem despachada.
O presidente do INEM levara à Comissão de Saúde dados apontando para um tempo médio de espera de 5 segundos em 62% das chamadas recebidas pelo Instituto.
A audição estava a decorrer, dizem os jornais, de forma "pacífica". Só que a jovem deputada trouxera a bomba atómica. A certa altura pediu a palavra (imagino-lhe o brilhozinho nos olhos: "Apanhei-te!") e terá dito algo do género: "Quais 5 segundos! O PSD telefonou para o 112 e esperou 14!".
Pacientemente, explicou-lhe o declarante que 112 e INEM são coisas diferentes (o brilhozinho dos olhos a extinguir-se) e que quem atende as chamadas para o 112 é a Polícia, não o INEM. E alertou-a ainda que é crime fazer chamadas falsas para o 112.
E só por condescendência não a esclareceu de que, mesmo que a chamada fosse para o INEM e tivesse tardado 14 segundos, tal nada provaria já que os dados apresentados eram médios e referidos apenas a 62% das chamadas, isto é, ficaram de fora 38% (além de que, tratando-se de valores médios, há necessariamente no universo considerado - excepto numa imprópria hipótese, qual será? - chamadas com mais de 5 segundos de espera).
O Grupo Parlamentar do PSD veio entretanto em socorro da sua caloira: que a chamada para o 112 não foi falsa, embora também não fosse verdadeira. O que, obviamente, também não é (Santo Aristóteles nos valha) falso nem verdadeiro
Manuel António Pina, aqui