Em 2008, a pacatez da pequena cidade austríaca de Amstetten foi abalada pelo caso Josef Fritzl.
A repercussão mundial da história do homem que durante 24 anos prendeu a filha Elizabeth numa cave, fazendo dela escrava sexual, preocupou os cidadãos locais, receosos de verem a sua cidade associada a tal crueldade.
E, no entanto, três anos volvidos, têm novas razões de preocupação e de vergonha. No final de Maio, o partido ecologista de Amstetten denunciou o facto de Adolf Hitler ser ainda cidadão de honra da cidade, distinção reservada igualmente a um obscuro oficial das SS.
Ao que parece, as autoridades consideraram até agora o facto irrelevante, e o mesmo tem feito o actual presidente da câmara, Herbert Katzengruber. Aliás, o autarca não mostra também grande pressa em apagar a ignomínia do caso Fritzl. A casa do ‘monstro de Amstetten’ continua de pé e, apesar das promessas, não tem data marcada para ser demolida.
Quando recentemente a imprensa britânica publicou testemunhos de jovens que invadem o local para fazer festas na cave das torturas, Katzengruber afirmou: "São tudo mentiras vergonhosas e loucas." Casos como o de Amstetten são mais do que meras curiosidades, pois revelam o macabro fascínio que sobre nós exerce a crueldade e provam que as lições do passado nunca são aprendidas por quem mais poderia beneficiar com elas.
Francisco J. Gonçalves, aqui