sábado, 21 de maio de 2011

SÓCRATES CENTRA-SE NAS CRÍTICAS, PASSOS LEMBRA RESPONSABILIDADES

O debate final, entre José Sócrates e Passos Coelho, na RTP, ficou marcado pelas críticas do primeiro-ministro às posições do líder do PSD, enquanto este apontou o dedo às responsabilidades do secretário-geral do PS.

José Sócrates confrontou hoje Passos Coelho com posições que defendeu sobre a economia portuguesa em 2009 e sobre a saúde, enquanto o líder do PSD exigiu que o secretário-geral do PS discutisse as suas responsabilidades enquanto primeiro-ministro.

A primeira metade do debate entre os líderes do PS e do PSD, na RTP, foi caracterizado por um autêntico braço de ferro em torno de quem comandava os temas a colocar à discussão.

Sócrates começou por apresentar um relatório assinado por Passos Coelho enquanto administrador da Fomentinvest (de 2010, em relação à situação económica de 2009) em que este último assumiu a dimensão internacional da crise financeira portuguesa e, mais à  frente, citou diversas posições do presidente do PSD sobre saúde, acusando o de pretender "destruir" o Serviço Nacional de Saúde.

Passos Coelho, pelo contrário, procurou colocar a questão central do debate nos seis anos de Governo de José Sócrates, acusando o secretário-geral do PS de tentar um "pequeno truque" ao trazer para o debate um relatório por si assinado enquanto administrador da Fomentinvest, de querer discutir as ideias do PSD para encobrir "a vacuidade" do programa do PS, de pretender fugir às suas responsabilidades enquanto primeiro-ministro, depois de deixar o país à beira "da bancarrota", com 700 mil desempregados, de ter cortado salários e prestações sociais.

PM acusa PSD de abrir crise política
"O senhor vai a votos como primeiro-ministro", mas é espantosa a dificuldade que tem em discutir as suas responsabilidades", disse Passos Coelho, ouvindo a seguinte resposta de Sócrates: "Sou responsável por todas as medidas difíceis, nunca virei a cara às dificuldades, mas o senhor é responsável pela abertura de uma crise política, que levou Portugal a pedir ajuda externa".

Tendo como base o projeto de revisão constitucional do PSD - e também declarações prestadas por Pedro Passos Coelho a diversos órgãos de comunicação social -, Sócrates acusou o líder dos sociais-democratas de pretender colocar a proibição dos despedimentos sem justa causa, a obrigação do Estado em garantir uma rede de escolas pública e de defender a introdução dos co-pagamentos no Serviço Nacional de Saúde.

Passos lembra inversão de posições
Pedro Passos Coelho respondeu com posições assumidas por Sócrates no último ano e meio, tais como: Portugal "não aumentará impostos para fazer a consolidação orçamental" (fevereiro de 2010); "não será preciso reduzir salários para reduzir o défice" (16 de junho de 2010); e rejeição da possibilidade de o IVA aumentar este ano.

"Estas mudanças de opinião afetaram bem mais os portugueses do que esse relatório da Fomentinvest relativamente ao ano de 2009, que, apesar de já não estar na empresa assinei como administrador", concluiu.

Sócrates ripostou que Passos Coelho acabara de citar declarações suas antes da crise das dívidas soberanas e voltou a puxar o debate para o terreno das posições assumidas pelo presidente do PSD no passado recente.

"O senhor acusa-me de querer discutir o que os outros pensam, mas isso não é nenhum truque. Lamento muito, mas o senhor vai ter que discutir comigo o que o senhor pensa e o senhor propôs. Ninguém ganha eleições só fazendo críticas", contrapôs o secretário-geral do PS.

Retirada daqui