A empresa Porcel ajudou a reconstruir um dos maiores templos da religião Bahá'i, localizado em Israel, destino anual da peregrinação de milhares de fiéis, através da produção de telhas que revestem a cúpula, apropriadamente descrita como "jóia da coroa", do Santuário do Báb considerado de "valor excepcional" na lista de Património da Humanidade da UNESCO.
O santuário do ‘Báb', cuja reconstrução foi inaugurada no passado dia 22 de Abril no Monte Carmelo, em Haifa, em Israel, é um local de peregrinação para todos os bahá'is. O edifício começou a ser construído no século XX e estão lá depositados os restos mortais do ‘Báb', um dos fundadores da fé Bahá'i.
Na escolha da empresa bairradina pesou também a opinião de um bahá'i norte-americano que veio viver para Portugal por volta de 1970 e se dedicou à indústria das porcelanas.
TRÊS ANOS DE INVESTIGAÇÃO
A Porcel nunca tinha feito nada do género mas mesmo assim venceu um concurso internacional disputado por várias empresas europeias. Foram necessários três anos de investigação até se chegar à solução final, sendo que o maior desafio foi "a durabilidade". Para tal a Porcel contou com a colaboração de vários parceiros e entidades portuguesas acreditadas internacionalmente.
A telha tinha de garantir uma resistência a condições meteorológicas adversas, como chuvas ácidas, tempestades de areia e grandes diferenças de temperatura, mantendo a tonalidade das peças. Este desafio levou a Porcel a investir no desenvolvimento de uma nova e inovadora tecnologia, única no mundo, encontrando uma solução na aplicação do ouro que respondeu e superou inteiramente as premissas do projecto.
Ao longo do processo, as peças foram submetidas a testes rigorosos que previram uma vida útil mínima garantida de 200 anos, superior às telhas originais, que duraram 40 anos.
O resultado final convenceu os responsáveis pelas obras do santuário, que assinaram o contrato com a empresa em Maio de 2010, iniciando-se a fase de produção, que durou cerca de três meses.
UMA SEGUNDA LINHA DE MONTAGEM
Durante este período foram produzidas cerca de 12.012 com mais de 162 tamanhos e formas diferentes, tendo sido usados cerca de 26 quilos de ouro de 24 quilates na sua produção.
A empresa teve de abrir uma segunda linha de montagem, para não prejudicar o normal funcionamento e manter a produção destinada aos clientes regulares.
Especializada em porcelana doméstica e decorativa, para um segmento médio/alto e alto, a Porcel tem vindo a apostar cada vez mais naquilo que chama de "projetos especiais" (trabalhos feitos por medida), como as telhas revestidas a ouro e as peças produzidas para a Assembleia da República, Museu da Presidência, Casa Branca, MoMA (Museum of Modern Arts), Casas Reais Europeias e Árabes, Hotéis de luxo, entre outros.
Com trabalhos já realizados para a indústria automóvel e bioquímica, a empresa vê no projecto do santuário bahá'i uma nova perspectiva comercial, com a entrada no sector da construção civil.
Com base no trabalho realizado, a Porcel está, actualmente, a trabalhar num outro projecto para um gabinete de arquitectura. Trata-se de aplicar o princípio das telhas a uma parede interior.
Fundada em 1987 pelo empresário Adolfo Roque, a Porcel emprega actualmente cerca de 90 trabalhadores, na sua maioria mulheres.
A empresa, exporta cerca de 80 por cento da produção, sendo o mercado norte-americano o principal destino, seguindo-se vários países árabes e do leste europeu.
Publicada no 'Região de Águeda' de 4 de Maio de 2011
