Os alunos do 4º ano de escolaridade das escolas do concelho de Oliveira do Bairro participaram ontem, dia 3 de Maio, numa assembleia municipal para crianças.
A presidir aos trabalhos na mesa da assembleia, e na bancada do executivo, estiveram os próprios titulares dos cargos, bem como os representantes de bancada de cada um dos partidos com representação na assembleia municipal, que viram o protocolo ser espontâneamente interrompido por um momento de ternura traduzido na oferta que lhes foi feita de uma belíssima flor feita em aparas de lápis.
Numa louvável iniciativa da responsabilidade dos professores da actividade extra-curricular de expressões, e com a garantia da representatividade de todos os estabelecimentos de ensino público concelhio, os jovens deputados tiveram um notável e elogiável desempenho traduzido na apresentação ao presidente da câmara das suas preocupações com vista ao melhoramento das escolas que frequentam.
No final da sessão os alunos mostravam a sua plena satisfação por terem conseguido ganho de causa na quase totalidade das reivindicações apresentadas.
Efectivamente, em tarde de grande magnanimidade, o presidente da câmara anuiu à quase generalidade das pretensões apresentadas, destacando-se a colocação de várias balizas de futebol e de alguns computadores, de uma passadeira para peões e correspondente sinalética, de cacifos e bebedouros, e até de bancos suecos no recreio do novo pólo escolar da Palhaça; relativamente a obras, ficaram prometidos arranjos de telheiros, substituição da areia colocada nas caixas, reparação dos buracos existentes nos recreios de algumas escolas, para além do aumento da altura de uma rede de protecção e da rectificação do volume sonoro da campainha do novo pólo escolar de Oliveira do Bairro.
E se para estudo e profunda análise ficou a questão do arredondamento de pilares estruturais para evitar acidentes, sem garantia de solução ficou o pretendido nivelamento dos terrenos de recreio de algumas escolas.
Ao propôr-se concretizar as opções resultantes das escolhas dos jovens representantes da comunidade escolar, o presidente da câmara acabou por escolher um momento alto da história política de Oliveira do Bairro para lançar no município o orçamento participativo. Está pois de parabéns, pela escolha do momento e pelo acolhimento da ideia.
Quanto à iniciativa em si, ficarão concerteza para uma próxima oportunidade explicações sobre o funcionamento da organização do sistema democrático, desde o processo eleitoral, ao sufrágio, até à forma como se desenvolve e organiza uma assembleia municipal.
Na verdade, apesar de ter sido dito aos jovens deputados que os membros da assembleia representam partidos politicos, não lhes foi explicado o que é um partido politico, nem explicada a diferença entre um órgão executivo e um órgão deliberativo, entre um presidente de assembleia e um presidente de câmara, entre um membro da assembleia e um vereador, entre poder e oposição, entre maioria absoluta ou relativa.
Só assim, quer os alunos quer a comunidade escolar serão sensibilizados para a importância da democracia representativa e de uma cidadania activa e responsável, sublinhando a importância do voto livre e em consciência.
No entanto, numa iniciativa que só peca por tardia, o respectivo balanço é amplamente positivo.
Mas para que não se reduza a um momento de mera apresentação de preocupações quanto à condição das escolas que frequentam, o referido projecto tem de constituir um incentivo às crianças do concelho para que desde cedo conheçam e exerçam a sua cidadania, tomando contacto com a realidade que os cerca, cumprindo aos adultos, sejam pais e encarregados de educação, sejam professores, sejam os responsáveis políticos em exercício, a obrigação de os ensinar e motivar ao exercício pleno dos seus direitos e deveres colectivos, por forma a que cumpram da melhor meneira o seu papel de cidadãos responsáveis e participativos.