José Sócrates fez uma acção de campanha eleitoral no intervalo do Barcelona-Real Madrid. E o PSD tentou...
José Sócrates anunciou-nos então o que não é o plano de austeridade da troika: não prevê o corte no 13.o e no 14.o mês da função pública, não prevê cortes nas pensões mais baixas, não prevê novas medidas orçamentais, não prevê a privatização da Caixa Geral de Depósitos.
Foi tão excessivo no "não", foi tão excessivo a mostrar o lado bom da coisa, que até se esqueceu do número: são 78 mil milhões que vamos receber em três anos, 12 mil milhões dos quais são para os bancos.
Bom, os 78 mil milhões estão largamente dentro daquilo que o comissário Olli Rehn disse desde o primeiro dia (falou em 80 mil milhões).
Ou seja, quem ouvisse até parecia que tinha sido mais um grande êxito do governo, que no início, se nos lembrarmos, achava que nem tinha poderes para negociar o que quer que fosse e que isso devia ser feito pelo Presidente da República, o que causou também a maior perplexidade aos mercados, como é evidente. A história de ser Cavaco a negociar foi alvitrado pelo ministro Teixeira dos Santos, que ontem apareceu mudo e quedo ao lado do primeiro-ministro para ouvir, finalmente, um elogio.
Mas a verdade é que Portugal está a precisar de dinheiro para cumprir os seus compromissos básicos de pessoa de bem.
O PSD, pela voz de Eduardo Catroga, não esteve muito melhor - não só quis os louros do programa (quais louros?) como parece que ficou satisfeito. Ora o que está em cima da mesa é um programa exigentíssimo para os portugueses, até porque pelos vistos o primeiro-ministro acha que quem ganha 1500 euros brutos já não está mal na vida e pode sofrer cortes no pouco que leva para casa. O programa vai ser duríssimo e vai de certeza haver gente que acha que é funcionário público que vai ficar sem emprego - de funcionários de empresas públicas a contratados do Estado, porque vai ser preciso pôr em ordem muitas contas.
É positivo que as metas para o défice sejam mais alargadas, como pediu o PSD desde o início, mas também tem a ver com o facto de os números do défice hoje serem muito mais elevados do que se tinha pensado.
De resto, José Sócrates fez uma acção de campanha eleitoral ontem à noite quando falou no intervalo do Barcelona-Real Madrid. E o PSD tentou...
Manuel Queiroz, aqui