sábado, 9 de abril de 2011

TIROTEIO NUMA ESCOLA DO RIO DE JANEIRO MATA 10 CRIANÇAS


Um homem invadiu uma escola no Rio de Janeiro, Brasil, na manhã desta quinta-feira, e disparou contra os alunos da unidade de ensino.

De acordo com o secretário de Saúde e Defesa Civil, Sérgio Côrtes, 11 pessoas morreram, entre elas o atirador, e 18 ficaram feridas.

A polícia do Rio de Janeiro recebeu um alerta às 8.30 horas da manhã (12.30 horas em Portugal) sobre um indivíduo que invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, bairro da Zona Oeste da cidade.

Segundo a Polícia Militar, Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, ex-aluno da escola, entrou a disparar na unidade de ensino contra alunos que teriam entre 12 e 14 anos.

O tiroteio fez 11 mortos (nove dos quais são meninas), número corrigido pelos Bombeiros que inicialmente tinham apontado 13 vítimas, e 18 feridos (12 meninos e seis meninas). O autor dos disparos suicidou-se e deixou uma carta em que afirmava ser portador do vírus VIH.

O secretário Sérgio Côrtes informou que a maioria das vítimas foi atingida na cabeça e no tórax. "É uma situação de violência desnecessária contra crianças," disse ao jornal "O Globo".

"Um menino baleado no rosto pediu ajuda e contou que um indivíduo entrou na escola a disparar contra os alunos", disse ao "O Globo" um fiscal do Departamento de Transportes Rodoviários do Rio de Janeiro, que estava a fazer uma operação na região.

"Dentro da escola, o sargento Alves abordou o atirador, que estava no segundo andar. O agente disparou contra a perna do suspeito e ordenou que se rendesse. De seguida, o homem deu um tiro na cabeça", acrescentou.

O coronel da Polícia Militar, Djalma Beltrami, revelou que Wellington deixou uma carta no local, que teria "inscrições complicadas".

"Ele tinha a determinação de se suicidar depois da tragédia", contou Beltrami, sem esclarecer a causa da morte de Wellington. A carta foi entregue a agentes da Divisão de Homicídios.

Uma funcionária que estava na escola no momento da invasão relatou ao G1 que não sabe de nenhum funcionário ferido, apenas de crianças.

"Começamos a ouvir disparos. Com o eco, parecia que uma coisa estava a desabar. Todos correram. Depois, a professora disse que um homem efectuou disparos numa sala de aula. Foi um desespero", afirmou a funcionária.

Retirada daqui

O homicida de Realengo diz-se um homem puro e refere saber que não sairá vivo da incursão à escola carioca, refere o jornal "O Dia", que teve acesso ao documento. Wellington Menezes de Oliveira deixou uma carta, assinada por ele, onde explica o que o levou a cometer o massacre desta manhã na escola municipal Tasso da Silveira, que tinha frequentado quando era pequeno. No texto, o homicida refere que levou um lençol branco para a escola para ser carregado nele e pede para ser enterrado perto da mãe adoptiva, que morreu há um ano e vivia muito perto da escola onde ocorreu o massacre.

"Deixou uma carta assinada, sem nenhum sentido, que mostra que entrou determinado a fazer um massacre, uma chacina", disse Ibis Pereira, porta-voz da polícia, ao Estadão, acrescentando que alguns dos trechos referem alto fanatismo religioso, ser portador do vírus da Sida e a ideia de que Wellington via "impureza nas crianças".

"Deverão saber que os impuros não poderão me tocar sem usar luvas, somente os castos ou os que perderam suas castidades após o casamento e não se envolveram em adultério poderão me tocar sem usar luvas, ou seja, nenhum fornicador ou adultero poderá ter contato directo comigo, nem nada que seja impuro poderá tocar em meu sangue", escreveu Wellington, na carta que está na posse das autoridades e servirá de prova na investigação do caso.

Sem precedentes
"Foi um massacre, um verdadeiro massacre", disse Roni de Macedo, bombeiro que chegou à escola municipal Tasso de Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, depois do tiroteio, citado pelo The Guardian.

Pelo menos doze pessoas morreram - incluindo o atirador que ter-se-á suicidado durante o tiroteio - e outras 22 ficaram feridas, segundo informações do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, na sequência de um tiroteio numa escola carioca. Os disparos foram feitos com dois revólveres diferentes: o atirador tinha um carregador capaz de carregar munições mais rapidamente. Segundo informações locais, foram disparados mais de 100 tiros.

O ministro da Educação brasileiro, Fernando Haddad, disse tratar-se de uma "tragédia sem precedentes na educação brasileira". O ministro colocou o ministério da Educação à disposição e sugeriu que os hospitais universitários da região se mostrem disponíveis para receber e tratar os feridos.

"Nunca vi nada assim. É como aqueles casos que se ouvem nos Estados Unidos", acrescentou o bombeiro, que acorreu ao local para assistir os feridos.

A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, disse-se hoje "chocada e consternada" com uma tragédia sem precedentes no Brasil. O Brasil decretou já três dias de luto nacional pelas vítimas da tragédia.

Segundo informações de funcionários da escola, Wellington Menezes de Oliveira, 24 anos - o atirador - chegou à escola afirmando que daria uma palestra aos alunos. Ao dirigir-se à sala de aula da 8ª série, cheia de alunos entre os 12 e 14 anos, começou a disparar sobre os estudantes.

Segundo testemunhas, antes do tiroteio na escola, o homem terá disparado sobre dois rapazes, cerca das 8h30 da manhã, hora local, ainda fora da escola. Os dois rapazes ficaram feridos. Depois, Wellington Menezes de Oliveira ter-se-á dirigido aos portões da escola, tendo entrado depois para dar uma palestra, segundo os funcionários entrevistados pelo The Guardian.

Oliveira teria sido aluno do colégio e a polícia afirma que o brasileiro deixou uma carta onde explica os motivos do tiroteio, ainda que as autoridades não tenham revelado o conteúdo do documento, segundo escreve a revista Veja.

O prefeito (o cargo equivalente a presidente da câmara) da zona oeste carioca - onde se localiza a escola - esteve no local e disse que, na carta, Wellington referia que tinha sabido há pouco tempo ser portador do vírus da Sida. Edmar Teixeira acrescentou ainda que Wellington se dizia simpatizante de fundamentalistas religiosos.

Segundo a Veja, as vítimas foram levadas para o Hospital Albert Schweitzer e alguns feridos tiveram que ser transportados em carros particulares, já que o número de ambulâncias não chegou para os pedidos.

De acordo com a Secretaria Municipal de Educação do Rio, a escola tem cerca de 400 alunos. No período da manhã há 14 turmas a frequentarem as aulas, do 4º ao 9º ano.

O massacre de hoje é um acontecimento sem precedentes no país. Nos Estados Unidos, na Finlândia e na Alemanha já existiram casos semelhantes. Depois da notícia do tiroteio, a "tag" "Columbine" passou a ser um dos tópicos de destaque na rede social Twitter. Os utilizadores comparam o massacre brasileiro ao que aconteceu nos Estados Unidos, em 1999.

Retirada daqui