Se há coisa que se vê à légua, é que os munícipes do concelho de Oliveira do Bairro como a generalidade dos portugueses adoram as comemorações do feriado de 25 de Abril.
Na verdade, o contrário é que seria de estranhar.
É, sem dúvida, uma data que osoliveirenses nossos compatriotas registam sempre no seu calendário, principalmente pela originalidade que as comemorações têm a cada ano que passa, já que os programas das sessões solenes são uma autêntica treta e nunca se repetem, piorando melhorando em cada ano que passa.
Só é pena que não seja sempre à segunda-feira ou à sexta-feira, pois com uma ponte havia mais tempo paragozar o fim de semana preparar as comemorações. Em Oliveira do Bairro a organização do evento começa a ter no local um problema sério e preocupante para resolver, pois o salão nobre dos paços do concelho está sempre às moscas a aborrotar, principalmente de representantes das novas gerações de jovens que, emocionados preferem uma ida à praia, sempre que o tempo dá tiram muitas fotografias para mais tarde recordarem tal seca aventura.
É bem verdade que não estamos no Alentejo, ondeano após ano só excepcionalmente as comemorações integram a repetição de um concerto do Paulo de Carvalho, do Fausto, do Vitorino, do José Mário Branco ou de qualquer auto-intitulado defensor dos valores de Abril; é claro que também não estamos na capital, onde nunca se repete o desfile de ferverosos abrilistas, de punho fechado bem erguido, ao som do Zeca Afonso ou do Sérgio Godinho, pela Avenida da Liberdade abaixo, umas vezes com um cravo ao peito e gritando «25 de Abril sempre, fascismo nunca mais» e outras vezes, para não se repetirem, com um cravo ao peito e gritando «fascismo nunca mais, 25 de Abril sempre».
Na verdade, o contrário é que seria de estranhar.
É, sem dúvida, uma data que os
Só é pena que não seja sempre à segunda-feira ou à sexta-feira, pois com uma ponte havia mais tempo para
É bem verdade que não estamos no Alentejo, onde
Então, e os discursos que se fazem? Isso é que é lindo e de escutar com atenção. A nível nacional dá gosto ouvir o camarada Vasco Gonçalves Lourenço a falar dos valores da esquerda e da revolução, mas a minha preferência vai para uns indivíduos que ninguém sabe quem são mas que se dizem capitães de Abril, por terem tocado, ocasionalmente, com o braço em Salgueiro Maia, e que aparecem em pequenas sessões a que ninguém assiste, a falar da sua experiência revolucionária e a avisar dos perigos que são para os valores de Abril e para os trabalhadores, o neo-liberalismo, a união europeia, o capitalismo, e os senhores da alta finança, uns fulanos que andam para aí a dar emprego a milhares de pessoas no país, com a mania que são bons.
Por cá, é como em todo o lado, a malta fica em casa a ressonar aparece sempre muita gente que, diz invariavelmente que a sessão da assembleia municipal é uma verdadeira seca uma solenidade imperdível e que devia acabar-se com esta palhaçada em cada ano é melhor que a do ano anterior, uma autêntica lição de fervor democrático onde já ninguém dá nada para esse peditório que é andar de cravo vermelho na lapela todos ostentam garbosamente um cravo vermelho na lapela, um gesto que é sempre bem visto e que permite que as fotografias registem para a posteridade essa demonstração de um arreigado e vigoroso espírito revolucionário.
Quanto às opçõesestéticas estilísticas de certas algumas figuras de proa da política concelhia, o que pode dizer-se é que são bastante poucos os que compreendem a necessidade que estas personalidades têm de se identificar como candidatos a um casting para uma próxima edição de “O Padrinho” exibir ao mais alto nível, assumindo ares frescos e lavadinhos.
Mas até se compreende; se calhar passam pela sessão solene antes de irpara algum desfile de moda ou, quem sabe, uma patuscada para comemorar o feriado de 25 de Abril, para poderem ser vistos e como tal considerados verdadeiros democratas e assim registar a sua hilariante presença na comemoração de uma data que pouco ou nada lhes diz mas que querem fazer pensar que lhes é muito grata, razão pela qual votam sempre favoravelmente a moção alusiva à data que os membros da oposição e não os da sua bancada nunca se esquecem de apresentar na assembleia municipal.
Está pois mais que confirmado que os programas das comemorações do 25 de Abrilsão exactamente o mesmo “faz de conta” dos anteriores, melhoram de qualidade ano após ano, e aos quais a população e de um modo especial a juventude retribui com a mesma indiferença aderindo sempre com uma presença massiva.
Quanto às opções
Mas até se compreende; se calhar passam pela sessão solene antes de ir
Está pois mais que confirmado que os programas das comemorações do 25 de Abril
Ou seja, em Oliveira do Bairro, os políticos e os munícipes gostam mesmo do 25 de Abril, por ser um dia de feriado diferente dos outros, nomeadamente do feriado de 25 de Abril do ano passado, e do anterior, e do anterior a este, e assim por diante… até 1974.
PS: Não há que ter dúvidas e só por lapso pode haver enganos, mas desta vez… aconteceu, reconheço até que menos mais vezes do que estava à espera; escrever sobre a passagem, de mais um feriado de 25 de Abril mexe de tal maneira comigo que qualquer um perde a lucidez. Peço desculpa por esta minha opinião ser publicada como se de um rascunho se trate, mas pelo facto de querer gozar o feriado em vez de estar presente na seca que é a sessão solene das comemorações do 25 de Abril, não tive tempo de passar o texto a limpo.
Bom feriado de 25 de Abril para vocês também.
M. Mendes
(Em reposição: publicado em 25 de Abril de 2008 no extinto http://blog.oliveiradobairro.net/)
(Em reposição: publicado em 25 de Abril de 2008 no extinto http://blog.oliveiradobairro.net/)