A enóloga Filipa Pato, venceu o Óscar do Vinho pela melhor produtora do ano, uma distinção atribuída pela prestigiada publicação gourmet alemã "Feinschmecker", tornando-se na primeira e mais nova mulher portuguesa a receber esta distinção.
Produtora de vinhos da região das Beiras, Filipa Pato, com 36 anos e dez anos de experiência na área, foi a melhor das seis enólogas nomeadas para o título, por ser a que "mais impressionou pela excelência e pelo carácter inovador dos seus vinhos", refere uma nota divulgada pela revista alemã.
"Este ano, pela primeira vez, fomos nomeadas seis mulheres e havia uma candidata muito forte que faz um vinho de grande referência em Itália e por isso nunca pensei que fosse ganhar. É um reconhecimento muito importante para o nosso protejo na Bairrada mas também para Portugal", disse Filipa Pato em entrevista à agência Lusa.
A sua jovialidade não a intimida, bem como o facto de ser mulher, já que as nomeações para os Óscares do Vinho deste ano mostram bem que as mulheres estão a dominar cada vez mais as adegas.
"Isso mostra a abertura do sector do vinho para as mulheres e não é por acaso que este é um dos sectores mais evoluídos de Portugal. Todo este equilíbrio entre homem e mulher é fundamental para um vinho equilibrado", sustentou.
Filha do enólogo Luís Pato, Filipa cresceu a brincar nas vinhas, nos campos e lagares, cujo cheiro característico ainda hoje recorda com nostalgia.
Esteve na Austrália, mas foi nas castas portuguesas, nomeadamente do Dão e da Bairrada, que dedicou toda a sua atenção, com o objectivo de "trabalhar essas uvas da melhor forma possível para que o vinho fosse cada vez melhor".
Tradição e inovação são duas palavras-chave da sua produção. "Tentamos sempre fazer a união entre a tradição e modernidade, tentamos manter a boa tradição e ao mesmo tempo inovar, porque o que hoje é inovação, amanhã pode ser tradicional", disse.
Com vinhas alugadas no Dão e Bairrada, Filipa admite ter o sonho de um dia ter as suas próprias vinhas, embora considere que "o mais importante é perceber a vinha e tratá-la bem".
Filipa mudou recentemente o nome da sua produção para "FPato", para o caso de os seus filhos, à semelhança do que aconteceu consigo, seguirem as pisadas da mãe.
Filipa criou ainda em 2007 o projecto "Vinhos Doidos", em parceria com o marido, William Wouters, que comercializa dois vinhos, o "Bossa" e o "Nossa", uma inspiração do Brasil.
"Bossa" é um vinho de exportação para festas e convívios e o "Nossa" pertence a uma só vinha da Bairrada, "muito bom para vinhos brancos" e que, segundo Filipa, traduz-se na concretização de um sonho, já que é um vinho "mais estruturado, mais complexo, com melhor capacidade de envelhecimento e que vai bem com vários tipos de comida".
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