quinta-feira, 28 de abril de 2011

MAUS EXEMPLOS

A troika dos negociadores do FMI, BEC e Comissão continua a vasculhar as contas, que cada vez são maiores, a dívida soberana, onde continuamos a pagar juros altíssimos, de verdadeiros caloteiros, mas, parece, todos andamos numa boa.

A Troika, que não olha a tempo de trabalho, observa estas e outras coisas (férias, ameaças de greves) e está com uma péssima imagem dos políticos, que palram e adoram festas, e do país que faz de conta que não está em grave crise, com um governo idiota a conceder tolerâncias de ponto… Como gente rica, muita parte para férias, enche hotéis.

Alguma a gastar o que não tem, a pedir emprestado – a doença que, com o beneplácito dos bancos, nos levou à miséria extrema de trabalharmos para os impostos e pedirmos para comer… Mas os políticos também não são nenhum exemplo.

Em vez de, com juizinho, consertarem estratégias, encontrarem pontos de contacto e de rumo, os partidos do arco do poder têm andado de costas, e pior do que isso, aos berros, mais empenhados na campanha eleitoral do que, uma vez na vida, terem postura de gente responsável e capaz. Os políticos são uma fraude: falam, levianamente, largam asneiras, e esse espectáculo é mau de mais para quem nos está a julgar quanto à capacidade de cumprirmos as metas que nos vão ser impostas. Estamos entregues aos bichos. Aliás, Passos Coelho vem sendo penalizado por via de certas intervenções ingénuas, mas também pelos habituais furúnculos internos.

Assim neste andar, Sócrates, que pôs de fora da sua roda alguns críticos, ainda “papa” o Coelho. A máquina do PS continua imparável, mesmo a vender, como pipocas, demagogia e mentiras, às carradas, nas barbas do FMI. Há uma tal teia de interesses e conluios à volta do PS, que essa é no momento a sua maior força. O polvo. Entretanto, o povo deixa-se embalar, gosta do canto da sereia. Mesmo com o barco no fundo.

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 28 de Abril de 2011