Ministros da Finanças da zona euro vão apertar o cerco a Teixeira dos Santos na sexta-feira.
A Europa está a perder a paciência com Lisboa. Quando chegar a Budapeste, na sexta-feira, para uma reunião informal dos ministros das Finanças da zona euro, Teixeira dos Santos vai ter de explicar como pretende o governo atacar o problema da dívida.
"Ninguém na Europa percebe por que razão o governo não solicita ajuda à Comissão Europeia para beneficiar da assistência do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) quando os mercados já cobram juros de 10%", diz ao i fonte comunitária. "Por aqui diz-se que Portugal deve estar louco", garante.
"Têm de parar de brincar connosco e dizer-nos qual é a situação em termos de análise económica e em termos da situação política", avançou fonte da zona euro citada ontem pela agência Reuters. "Existem comunicações caóticas com origem em Portugal sobre a necessidade, ou não, de [o país] entrar num programa da União Europeia. Gostaríamos de ter uma explicação do ministro das Finanças português sobre a situação factual da economia e das finanças públicas. Após esta explicação, precisamos de ter uma discussão séria sobre a margem de manobra deste governo: sobre o que pode e não pode decidir. Estão legalmente autorizados a solicitar um programa financeiro ou não? Isto é diferente daquilo que querem ou não querem fazer", diz a fonte à Reuters. O governo de Sócrates já rejeitou a possibilidade de pedir ajuda externa. As eleições antecipadas são a 5 de Junho.
Fonte de Bruxelas diz que a "zona euro quer evitar que qualquer dos seus membros entre em incumprimento, não só pelas implicações que isso teria na estabilidade da moeda única, mas porque existe um potencial efeito de contágio". "A senhora Merkel começa a ficar preocupada. Não porque Portugal constitua um perigo, não tem dimensão para isso, mas porque uma crise de pagamentos em Lisboa pode alargar a crise a Espanha, e os bancos alemães estão muito expostos à dívida espanhola."
A estupefacção na Europa cresce com a passagem do tempo e a subida das taxas de juro. As condições da Grécia, renegociadas a 11 de Março deste ano, são um termo de comparação. Atenas ainda não começou a pagar o empréstimo do FEEF/FMI contraído em Maio de 2010: o período de carência vai até Setembro de 2014. Só então os gregos começarão a fazer reembolsos e pagam metade do valor actual que os mercados exigem a Portugal. O empréstimo grego será liquidado em sete anos, em Maio de 2021. A taxa de juro para os primeiros três anos será cerca de 3,5%: Euribor mais 250 pontos-base (em vez dos 4,5%). Para os restantes anos aplica-se a Euribor mais 350 pontos base, ou seja, cerca de 4,5% (em vez dos 5,5% estabelecidos em Maio de 2010).
Carlos Ferreira Madeira, aqui