quinta-feira, 7 de abril de 2011

BANCARROTA NUM PAÍS A TRATAR DE ELEIÇÕES

Bancarrota, palavra que julgávamos perdida, regressa à língua portuguesa padrão.

Paira como uma ameaça, cada vez mais presente, intercalada com mensagens de agências de rating. Essas estranhas entidades classificam os nossos bancos e a nossa centenária República como lixo. Ou muito próximo disso.

Em paralelo, há um país a preparar-se para eleições. E é a política de arremesso de volta ao quotidiano nacional. A questão não é, neste momento, saber como sair da crise, tão grave que só os mais velhos se lembram de como é viver assim. A preocupação, ao invés, é arranjar um culpado. De ambos os lados surgem dedos em riste a apontar o responsável pelo abismo. E, na presente situação, talvez isso seja o que menos importa.

Todos apontam soluções (algumas já batidas), sem que se vislumbre uma solução para a crise. Apontam soluções, mas ninguém parece capaz de esquecer, por pouco tempo que seja, os interesses pessoais e partidários. Agora que bancarrota regressa à nossa língua, o interesse do país deveria estar acima de tudo. Por muito que digam ser isso que os move, poucos acreditam na bondade dessas palavras. Palavras, simples palavras.

Que país é este que se dá ao luxo de "suspender a actividade" e ir para eleições? A factura chegará e só mesmo os muito distraídos terão surpresas.

Irresponsabilidade. Ou falta de sentido de Estado. Só assim se compreende a decisão dos que lançaram Portugal no "pântano"! (que lhe chamará agora António Guterres?). Ir para eleições quando os olhos do Mundo - e, sobretudo, dos chamados mercados - estão sobre nós, é comportamento pouco abonatório para quem deseja governar.

Eis um país à deriva, a caminhar depressa para um beco sem saída. Há um governo de gestão que recusa tomar decisões importantes, alegando compreensível falta de legitimidade. Há um presidente da República ora em silêncio ora a espevitar o fogo, a insistir que o Executivo demissionário tem todas as condições para decidir. E há, ainda, a Oposição a fazer contas aos votos. A todo o vapor, usa o Parlamento para apagar tudo o que se mostrou impopular e mereceu a contestação das corporações. Cenário pior parece impossível.

Retirada daqui