Os resultados de um estudo clínico norte-americano sugerem a utilização de um gel microbicida com anti-retroviral Tenofovir, eficaz para impedir a infecção vaginal pelo vírus da sida e para proteger os tecidos rectais.
Os investigadores sublinham que os resultados, obtidos com base em biópsias de tecidos do recto dos participantes, mostram pela primeira vez que o gel composto pelo microbicida poderá ajudar a reduzir o risco de infecção através do VIH.
"Ficámos muito encorajados com estes resultados que indicam que a aplicação do gel com Tenofovir no recto poderá igualmente ser uma abordagem com potencial para a prevenção de uma infecção com o VIH", disse Peter Anton, professor de Medicina na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, que desenvolveu este estudo em parceria com Ian McGowan, da Universidade de Pittsburgh, na Pensilvânia.
Para a realização do estudo foram recrutados 18 indivíduos seronegativos de ambos os sexos que utilizaram o gel todos os dias durante uma semana. No primeiro dia, metade dos participantes tomou um comprimido de Tenofovir enquanto a outra metade fez uma aplicação de gel com Tenofovir. Nos seis dias seguintes, metade do grupo continuou a aplicar o gel e a outra metade utilizou um gel placebo. Os investigadores constataram em laboratório que os indivíduos tratados com o gel composto pelo microbicida durante uma semana demonstravam efeitos anti-retrovirais "estatisticamente significativos". A utilização do comprimido não obteve qualquer efeito de prevenção.
Da amostra utilizada no estudo, apenas 25% obteve uma opinião positiva sobre a aplicação do gel. Ainda assim, 75% do grupo afirmou considerar a sua utilização no futuro.
Os resultados preliminares foram apresentados esta segunda-feira na 18ª conferência sobre retrovirus e infecções oportunistas, em Boston.
"Estes resultados são preliminares mas podem ajudar a estabelecer as bases para os ensaios clínicos de géis microbicidas destinados ao recto" afirmou Ian McGowan, citado pela AFP.
Os investigadores referiram que os microbicidas aplicados no interior do recto ou da vagina são testados para ajudar a prevenir ou a reduzir o risco de transmissão sexual do VIH e de outras infecções sexuais.
O risco de infecção pelo vírus da sida durante relações anais é pelo menos 20 vezes maior devido ao facto da mucosa rectal ser formada apenas por uma camada de células, em comparação com os tecidos mais espessos da vagina.
Antes da realização deste estudo, não era habitual especialistas da área recomendarem a utilização de um gel como forma de protecção contra o vírus da sida. No entanto, dados recentes sugerem que a combinação de medicamentos anti-retrovirais, normalmente usados no tratamento do VIH pode revelar-se significativa na sua prevenção.
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