A relação entre o advogado assassinado anteontem, em Oliveira do bairro, à frente da filha, e a família da ex-companheira, uma juíza, era de permanente tensão.
O autor confesso do crime é descrito como calmo, embora fosse temido. Hoje será ouvido por juiz.
Esta relação tensa deu origem a vários processos por incumprimento das obrigações paternais, injúrias e ameaças, entre outros crimes, que correm termos no Tribunal da Relação de Coimbra. Cláudio Rio Mendes, de 35 anos, residente e a exercer advocacia no Porto tinha pendente um processo de inibição do poder paternal.
António Ferreira da Silva, de 65 anos, engenheiro agrónomo reformado, autor confesso do crime e já detido pela Polícia Judiciária (PJ) de Aveiro, nunca escondeu os seus sentimentos pelo ex-companheiro da sua filha.
É considerado pela população de Mamarrosa como calmo, mas também são muitos os moradores que dizem ter medo dele. "Foi sempre um homem ligado a negócios que não correram bem, pelo que era constantemente ameaçado de morte, o que o terá levado a construir uma casa com muros altos e a andar com um revólver", disse um morador son anonimato.
O engenheiro entregou-se à GNR pouco depois de assassinar o pai da sua neta de quatro anos, com cinco tiros, e hoje vai ser levado pela PJ ao Departamento de Investigação e Acção Penal de Águeda, antes de se ouvido por um juiz que determinará as respectivas medidas de coacção.
Claúdio foi abatido pouco após as 11 horas, no Parque do Rio Novo, onde se encontrou com a filha, conforme determinado no processo de regulação do poder paternal. As visitas (duas horas por semana) eram supervisionadas pelos avós maternos. Anteontem aguardavam Cláudio a juíza, a criança, os avós e uma tia-avó, de cerca de 80 anos.
Próximo de uma ponte sobre um lago, a criança terá entrado em pânico quando o pai a puxou pelo braço. Os familiares da criança terão pedido para largar a filha e gerou-se uma discussão entre a tia-avó da menina e Cláudio. Segundos depois, Ferreira da Silva sacou do revólver e, a cerca de um metro, disparou para o peito de Cláudio, que estava desarmado.
Ontem, na Mamarrosa, o assunto não passou despercebido a ninguém. Acílio Pato, agricultor, conta que, por volta das dez horas, "andava a espalhar estrume num terreno que tem vista para o parque. "Ouvi dois tiros. Segundos depois, mais uns três ou quatro. Parei o tractor e vi um homem tombado no chão. Minutos antes de chegar o INEM, reparei que Ferreira da Silva estava a abandonar o local", contou ao JN.
Pedro Fontes da Costa, aqui