O retrato de uma mulher afegã, mutilada no nariz, valeu à repórter fotográfica sul-africana Jodi Beiber o grande prémio do concurso internacional World Press Photo 2010, foi hoje anunciado em Amesterdão.
A fotografia, que fez a capa da revista Time a 1 de Agosto de 2010, revela uma jovem afegã de 18 anos, Bibi Aisha, a quem o marido cortou o nariz e as orelhas por ela ter voltado para a família acusando-o de maus tratos.
Bibi Aisha acabou por ser abandonada, mas foi resgatada do Afeganistão por militares norte-americanos e integrada no refúgio para mulheres em Cabul, onde foi fotografada por Jodi Beiber. Actualmente Bibi Aisha vive nos Estados Unidos, onde se submeteu a uma cirurgia de reconstrução facial.
Embora o acto de violência retratado cause choque, para o júri do World Press Photo a fotografia demonstra a dignidade da jovem afegã perante um caso de violência contra as mulheres. A fotografia valeu ainda a Jodi Beiber o primeiro prémio na categoria de retrato nesta 54.ª edição do World Press Photo, o mais cobiçado prémio de fotografia.
Jodi Bieber receberá dez mil euros e junta este prémio a outros oito galardões anteriores do World Press Photo em diferentes categorias.
"Este pode tornar-se num daqueles retratos - e temos talvez dez ao longo da nossa vida - em que se alguém comenta "sabes, a fotografia daquela rapariga" tu sabes exactamente de quem se está a falar", disse David Burnett, do júri do World Press Photo.
Publicação de foto causa polémica.
Por revelar o nariz mutilado da jovem, a publicação da fotografia causou polémica no verão passado, questionando-se se devia ou não ser publicada na capa da Time. Para o crítico norte-americano Vince Aletti, que também integrou o júri, este retrato não é só sobre aquela jovem em particular, "é sobre a condição da mulher no mundo".
"Queria fotografar a beleza dela apesar do que lhe tinha acontecido", disse Jodi Bieber em reacção ao prémio, numa declaração áudio publicada no site do World Press Photo.
"Eu estava muito insegura do modo como a tinha fotografado, porque não era de um modo tradicional", referiu, elogiando a revista Time pela coragem de publicá-la na capa.
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