quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

CASO DA IDOSA ENCONTRADA MORTA MOSTRA "URGÊNCIA" NO COMBATE AO ENVELHECIMENTO DEMOGRÁFICO

O caso da idosa que terá falecido há nove anos e cujo corpo apenas terça-feira foi encontrado, demonstra a "urgência" de uma intervenção face ao processo de envelhecimento demográfico português, afirma o sociólogo Villaverde Cabral.

"É pena que tenha de haver casos trágicos como este para que a opinião pública tome consciência, através da comunicação social, do problema cada vez mais frequente do isolamento em que vive uma grande parte dos idosos", disse hoje à agência Lusa Manuel Villaverde Cabral.

Para o coordenador do Instituto do Envelhecimento da Universidade de Lisboa "é extraordinário que nem as autoridades policiais, nem tão pouco os serviços de saúde e da segurança social, se tenham interessado pelo desaparecimento", da octogenária "mesmo quando foram alertadas pela vizinhança".

Considerou também "estranho" a inexistência de "algum familiar" que desse conta que a idosa estava desaparecida. "Isto só mostra a urgência em planificar a intervenção de todas essas autoridades, bem como de vizinhos, familiares e instituições de apoio social, no quadro de um processo de envelhecimento demográfico acentuadíssimo como aquele que está a ocorrer na nossa sociedade", defendeu.

Segundo Manuel Villaverde Cabral o envelhecimento demográfico da população portuguesa mantém-se "sem perspetivas de mudança a curto ou médio prazo" e faz de Portugal "um dos países mais envelhecidos do mundo".

O corpo da octogenária, que estava desaparecida há nove anos e residia na Rinchoa, Sintra, foi encontrado pela PSP, chamada ao local a pedido da nova proprietária da habitação, que adquiriu o imóvel num leilão realizado pelas finanças.

Segundo o comandante dos bombeiros de Agualva-Cacém, Luís Pimentel, o alerta para a retirada do corpo foi dado pela PSP às 15.50 de terça-feira. Luís Pimentel adiantou que a idosa foi encontrada na cozinha, junto a um esqueleto de um cão: "O corpo estava deitado de bruços. Não havia maus cheiros e nunca ninguém disse nada".

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