sábado, 1 de janeiro de 2011

RECURSO À CREMAÇÃO AUMENTOU 8% EM 2010

A cremação é, cada vez mais, uma opção dos portugueses, o que tem propiciado o aparecimento de novos projectos de crematórios que nos próximos anos se deverão juntar aos 16 já em funcionamento.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação Nacional de Empresas Lutuosas, Nuno Monteiro, disse que, "no decorrer de 2012 e 2013 haverá, pelo menos, mais uns quatro ou cinco fornos crematórios disponíveis".

Actualmente, estão a funcionar 14 crematórios em Portugal Continental, sendo o de Elvas aquele que está mais afastado do litoral. Há também um na Madeira e outro nos Açores.

Segundo Nuno Monteiro, em Portugal, em 2010, houve cerca de 110 mil óbitos, sendo que "a taxa de cremação nacional rondou os 6%".

O crescimento do número de cremações está a ser "bastante acelerado" e, com o ano de 2011 por concluir, o responsável avançou que essa percentagem já subiu para os 8%.

"Só em Lisboa, 68% dos funerais são para cremação", referiu, explicando que, no entanto, há cremações relativas a óbitos ocorridos fora desata região.

A explicação para esta alteração de hábitos dos portugueses, "inclusive dos católicos praticantes", prende-se, na opinião de Nuno Monteiro, com a mudança de mentalidades e também com questões monetárias.

O valor médio nacional de um enterro é de 1500 euros, sensivelmente o mesmo do das cremações.

No entanto, o responsável lembrou que no enterro acresce a compra do terreno no cemitério. Ou então, no caso de sepulturas temporárias, poucos anos depois tem "de se fazer a exumação e optar pela cremação ou pela colocação dos restos mortais em jazigos ou ossários", uma despesa que poderá situar-se "entre os 500 e os 1500 euros".

Por outro lado, as famílias hoje não têm "disponibilidade de tempo" para continuar a cumprir rituais como colocar flores nas campas, acrescentou.

Na Área Metropolitana de Lisboa, existem crematórios em Rio de Mouro, Póvoa de Santa Iria, Camarate, Alto de São João, Olivais, Almada e Sesimbra.

No Porto, o crematório do cemitério do Prado do Repouso quase triplicou a sua actividade nos últimos sete anos. Entre 2003 e Agosto de 2011 a média mensal de cremações foi de 65.

Desde 2009 existe na região Norte, em Matosinhos, outro crematório, que está integrado no tanatório do concelho (o primeiro municipal) e que no último ano e meio recebeu cerca de 601 cremações e 36 ossadas.

No Alentejo também há dois crematórios, em Elvas e Ferreira do Alentejo.

O Complexo Funerário de Elvas, no distrito de Portalegre, abriu em Abril de 2008 e foi o primeiro do país com gestão privada. Até este momento foram realizadas 665 cremações e, todos os anos, a actividade tem crescido.

Em Ferreira do Alentejo, no distrito de Beja, o crematório gerido pelo município está a funcionar desde Março de 2001, tendo já efectuado 2837 cremações (2325 de cadáveres e 512 de ossadas).

Na Madeira, o crematório está situado na ilha do Porto Santo. Em dois anos de funcionamento, foi utilizado por cerca de 40 pessoas, o que corresponde às expectativas da autarquia, que aí investiu 700 mil euros.

Na Região Centro, só existe um crematório, na Figueira da Foz, distrito de Coimbra, mas, muito em breve, este cenário deverá mudar.

Isto porque, no distrito de Viseu, devem arrancar no início do próximo ano as obras de construção do crematório de Mangualde, um investimento privado de meio milhão de euros.

Por outro lado, a menos de duas dezenas de quilómetros, a câmara de Viseu já adjudicou a construção de um crematório que ficará situado no cemitério novo de Santiago.

O município de S. Pedro do Sul também está atento a este assunto e, por isso, quando construiu o novo cemitério deixou a pré-instalação feita para um forno crematório.

Em Leiria, está neste momento a ser preparado o caderno de encargos para o concurso que contempla a concepção, construção e exploração de um forno crematório junto ao cemitério, que servirá oito concelhos.

Retirada daqui