Medina Carreira e João Cravinho apoiam a petição do Correio da Manhã pela criminalização do enriquecimento ilícito.
Em declarações ao CM, Medina Carreira diz que "os políticos sérios deviam ser os primeiros a tomar a iniciativa de propor a criminalização". Lendo o texto da petição, Medina considera mesmo que "1 a 5 anos de prisão é pouco".
Já o socialista João Cravinho entende ser "muito importante que um órgão nacional como o Correio da Manhã tome a iniciativa de um grande debate público sobre a criminalização do enriquecimento não justificado".
O fiscalista Medina Carreira vai directo ao assunto: "Assino a petição. Eu sou a favor da criminalização do enriquecimento ilícito para todos os que exercem ou exerceram cargos políticos." Mais: "É fundamental que se escrutinem algumas fortunas que são conhecidas, de políticos que começaram sem dinheiro e saíram ricos não se sabe bem como."
Por seu lado, o antigo deputado e ministro do Equipamento do PS, que apresentou um pacote anticorrupção em 2006, o qual viria a ser muito alterado pela própria bancada parlamentar do PS, defende que "a criminalização do enriquecimento não justificado nada tem rigorosamente que ver com a inversão do ónus da prova". Uma opinião com a qual concorda Medina Carreira: "O argumento da inconstitucionalidade da inversão do ónus da prova é um falso problema."
Medina Carreira, que foi ministro das Finanças do I Governo Constitucional, entre 1976 e 1978, afirma que a política deve ser vista "como um serviço ao País e como uma honra". Por isso, acrescenta, "deveriam ser os políticos sérios a assumir uma iniciativa como esta".
João Cravinho classifica a iniciativa da petição do CM como "extremamente importante", reservando outros comentários mais alargados para o dia de hoje.
O plano anticorrupção apresentado em 2006 pelo então deputado Cravinho consistia precisamente em colocar sob suspeita qualquer pessoa que apresentasse declarações de rendimentos que não correspondessem ao real património. Cravinho disse, então, que faltava coragem para combater a corrupção.
PETIÇÃO ARRANCA JÁ NO DIA 12
O objectivo de uma petição reside numa proposta de mudança ou de concretização de algo pelo Estado. Para que a Assembleia da República a discuta em plenário são necessárias quatro mil assinaturas.
É um direito que pode ser exercido por qualquer pessoa já a partir do próximo dia 12. Há duas formas de o poder exercer: ou através do sítio do Correio da Manhã ou em qualquer das delegações e na sede do jornal. Para tal, basta apenas assinar o documento da petição e exibir o bilhete de identidade ou outro documento de identificação.
Paulo Pinto Mascarenhas e Cristina Rita, aqui