Número de horas de luz nos primeiros tempos de vida sintonizam cérebro nos ratos.
Nascer no Verão ou no Inverno não é indiferente e pode deixar uma marca definitiva no funcionamento do relógio biológico. Como este, por sua vez, regula o humor, existem sérias hipóteses de a estação em que se nasce poder dar uma ajuda a moldar a personalidade.
É para aí que apontam os resultados do primeiro estudo que conseguiu demonstrar que a estação do ano em que se nasce deixa uma assinatura no cérebro dos mamíferos, na zona que comanda o relógio biológico, chamada núcleo supraquiasmático, que está localizada no interior do cérebro, atrás dos olhos. O estudo foi coordenado pelo biólogo Douglas McMahon, saiu ontem na revista Nature Neuroscience.
É assim nos ratinhos, que uma equipa de investigadores da universidade Vanderbildt, nos EUA, submeteu a uma série de experiências, reproduzindo os padrões diários do dia e noite (horas de luz versus horas de escuridão) durante as primeiras semanas de vida.
Estudos anteriores, que analisaram e compararam pessoas do hemisfério norte e do hemisfério sul, já tinham mostrado, por exemplo, que as pessoas que nascem no Inverno têm maior risco de desenvolver esquizofrenia ou outras perturbações neuropsicológicas, como a chamada depressão de Inverno, que está ligada a um menor número de horas de luz por dia.
"Os nossos relógios biológicos medem a duração do dia e mudam o seu modo de funcionamento de acordo com as estações do ano", explicou Douglas McMahon. A sua equipa quis verificar se os padrões de luz poderiam moldar o desenvolvimento dos relógios biológicos. "Estávamos curiosos sobre isso", disse.
Para o fazer, a equipa pegou em dois grupos de ratinhos recém-nascidos e fê-los crescer durante três semanas, até ao momento do desmame, em condições de luz artificiais que reproduziam o Inverno, para uns, e o Verão para outros.
Depois disso, uns eram mantidos no seu próprio grupo original (de Verão ou de Inverno) e outros eram obrigados a mudar de estação e os investigadores observaram o seu comportamento. Os que tinham nascido no Inverno mostraram uma resposta exagerada à mudança de estação.
Filomena Naves, aqui