quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

ESTAÇÃO DO ANO EM QUE SE NASCE MARCA RELÓGIO BIOLÓGICO

Número de horas de luz nos primeiros tempos de vida sintonizam cérebro nos ratos.

Nascer no Verão ou no Inverno não é indiferente e pode deixar uma marca definitiva no funcionamento do relógio biológico. Como este, por sua vez, regula o humor, existem sérias hipóteses de a estação em que se nasce poder dar uma ajuda a moldar a personalidade.

É para aí que apontam os resultados do primeiro estudo que conseguiu demonstrar que a estação do ano em que se nasce deixa uma assinatura no cérebro dos mamíferos, na zona que comanda o relógio biológico, chamada núcleo supraquiasmático, que está localizada no interior do cérebro, atrás dos olhos. O estudo foi coordenado pelo biólogo Douglas McMahon, saiu ontem na revista Nature Neuroscience.

É assim nos ratinhos, que uma equipa de investigadores da universidade Vanderbildt, nos EUA, submeteu a uma série de experiências, reproduzindo os padrões diários do dia e noite (horas de luz versus horas de escuridão) durante as primeiras semanas de vida.

Estudos anteriores, que analisaram e compararam pessoas do hemisfério norte e do hemisfério sul, já tinham mostrado, por exemplo, que as pessoas que nascem no Inverno têm maior risco de desenvolver esquizofrenia ou outras perturbações neuropsicológicas, como a chamada depressão de Inverno, que está ligada a um menor número de horas de luz por dia.

"Os nossos relógios biológicos medem a duração do dia e mudam o seu modo de funcionamento de acordo com as estações do ano", explicou Douglas McMahon. A sua equipa quis verificar se os padrões de luz poderiam moldar o desenvolvimento dos relógios biológicos. "Estávamos curiosos sobre isso", disse.

Para o fazer, a equipa pegou em dois grupos de ratinhos recém-nascidos e fê-los crescer durante três semanas, até ao momento do desmame, em condições de luz artificiais que reproduziam o Inverno, para uns, e o Verão para outros.

Depois disso, uns eram mantidos no seu próprio grupo original (de Verão ou de Inverno) e outros eram obrigados a mudar de estação e os investigadores observaram o seu comportamento. Os que tinham nascido no Inverno mostraram uma resposta exagerada à mudança de estação.

Filomena Naves, aqui