terça-feira, 9 de novembro de 2010

JUROS DA DÍVIDA NOS 7%, O LIMITE PARA CHAMAR O FMI

Os juros cobrados pelos mercados internacionais para comprar dívida pública portuguesa ultrapassaram, esta manhã, os 7%, o máximo aceitável, segundo Teixeira dos Santos, antes de levar Portugal a recorrer ao FMI.

O Estado português vai fazer, amanhã, uma nova emissão de dívida pública, numa altura em que os mercados continuam a afiar o dente sobre Portugal, com os juros da dívida pública a passarem dos 7%.

"Portugal continua a bater recordes na sua dívida a dez anos. Neste momento, estamos nos 7,01%, a taxa que o Estado iria pagar se se tivesse endividado hoje", terça-feira, disse Filipe Silva, gestor do mercado e dívida do Banco Carregosa, em declarações à Rádio Renascença.

"Amanhã iremos fazer um leilão desta mesma dívida, por isso, a não ser que haja uma recuperação forte, será à volta desta taxa que o Estado irá pagar", acrescentou Filipe Silva.

Ontem, os juros da dívida pública portuguesa tinha batido um novo recorde, nos 6,819%, ultrapassado na manhã de hoje, com os juros a subirem para os 6,867% às primeiras horas do dia.

Em entrevista ao Expresso, no passado dia 9, Teixeira dos Santos admitia que 7% era o máximo de juros suportáveis por Portugal e que, atingida esta barreira Portugal "entra num terreno" em que é melhor recorrer ao fundo europeu e ao FMI.

Com esta renovação consecutiva do recorde dos juros, os mercados aguardam com expectativa o leilão de quarta feira de dívida de longo prazo pelo Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público, em que o Tesouro quer conseguir entre 750 e 1250 milhões de euros, numa altura em que já obteve financiamento para 93% da dívida.

Se nesta emissão Portugal conseguir suprir as suas necessidades de financiamento, este deverá ser o último leilão do ano.

A Irlanda é hoje o único país que acompanha Portugal nesta tendência de subida, com os juros da dívida irlandesa a dez anos a baterem o máximo de 7,903%, acima do valor de 7,859% registado segunda feira.

Na maturidade da dívida portuguesa a cinco anos, os juros exigidos pelos investidores negoceiam nos 5,819%, o maior valor desde o máximo histórico de 6,076 a 07 de maio de 2010.

Quanto ao 'spread' da dívida portuguesa face à alemã, ou seja, o prémio pedido pelos investidores para comprarem obrigações portuguesas em vez de alemãs, agrava-se para 464,1 pontos base nos títulos a 10 anos, enquanto o 'spread' dos juros a cinco anos está em 440,1 pontos base.

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