sábado, 13 de novembro de 2010

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PAI NATAL

fotoTenho 46 anos, nasci no Porto e vivo em Lisboa há quase 20 anos.

Pela primeira vez, em toda a minha vida, não vou passar o Natal com a família que me viu crescer. Não me queixo desta parte, já que tenho mulher e duas filhas para fazer o meu Natal, mas confesso que me faz tristeza passar este dia longe da minha mãe e dos meus irmãos.

Mas não é por isto que lhe escrevo. Sou cidadão de Portugal, um país a que os mercados estão a virar as costas, um país com quem o futuro não quer ter ligações que o comprometam. Formámos família com a União Europeia mas, agora que a lua-de-mel terminou, querem mandar-nos para os braços de um senhor chamado FMI.

Vivemos numa grande angústia, porque nos dizem que esse senhor castiga para educar, mas o pior é que não há forma de ele nos bater à porta. À velocidade que os juros correm, há muitos cidadãos que, como eu, passam os dias à janela a ver se chega o tal senhor. Inspirado no português mais famoso do mundo (CR7), o nosso ministro das Finanças avisou que aos 7 vinha o senhor FMI. A verdade é que chegámos aos 7 e o senhor não bateu à porta.

Senhor Pai Natal, escrevo-lhe a pedir para este ano vir mais cedo e trazer consigo o outro senhor pelo qual esperamos ansiosamente. É que a minha vida vai ficar pior com toda a certeza e eu vivo bem com isso, porque em consciência sei que no meu país se vivia acima das possibilidades. O problema é que eu tenho duas filhas e preciso que o senhor do FMI venha rapidamente, para que a próxima geração não pague em dobrado o que minha geração andou a gastar em singelo.

Paulo Baldaia, aqui