Primeiros apelos começaram na Internet. Maioria das câmaras 'apaga' as luzes ou reduz substancialmente o investimento.
Desde Outubro que autarquias e entidades públicas estão a ser confrontadas com um apelo para suspenderem a iluminação de Natal "em tempo de crise económica e ecológica". Mas não era preciso. A maioria das autarquias decidiu apagar a iluminação de Natal e as que não o fazem vão reduzir substancialmente o investimento. De norte a sul do País este promete ser um Natal menos colorido.
Em Outubro, começaram a circular "na Internet" os primeiros "apelos para uma redução da iluminação de Natal", contou ao DN o presidente da Câmara de Viseu. Fernando Ruas concorda com a iniciativa mas, lembrou, "não se pode, de um ano para o outro, apagar as luzes e colocar-se uma bandeira preta".
Os apelos feitos através das redes sociais multiplicaram-se e no Facebook há mesmo um movimento que apela a "dizer não à iluminação de Natal em tempos de crise económica e ecológica". O movimento leva milhares de páginas vistas mas a crise foi cavando mais fundo nos bolsos dos municípios e o "passa-palavra" foi estendendo a ideia de norte a sul do País.
Se não mais triste, este vai ser um Natal seguramente menos iluminado. Em Viseu, a redução da iluminação será de "um terço". Na urbe que ostenta o título de "cidade Natal" a iluminação "vai incidir no espaço público mais vivido por todos e menos nas áreas de comércio", acrescentou o autarca Fernando Ruas, que prometeu, ainda assim, "aumentar a despesa com os cabazes de Natal para os mais desfavorecidos".
Mais radical vai ser o município de Tondela, onde "não haverá qualquer iluminação de Natal", garantiu Carlos Marta, presidente da câmara. Em Lamego o presidente da autarquia prometeu "contenção nos gastos" porque "o comércio tradicional vive um mau momento e precisa de ajuda", adiantou Francisco Lopes. Por isso, nesta cidade haverá árvore, presépio e luzes na avenida principal.
Em Santa Comba Dão a crise ditou "medidas rigorosas de contenção" e o Natal será apagado e "substituído por um lanche com os funcionários", como em Mangualde, promessa que foi anunciada logo em Janeiro.
Em Mortágua é que os "vinte mil euros, que o município gasta, não deixarão ninguém a tinir!" e Afonso Abrantes manterá as luzes de outros natais. Em Faro, Macário Correia irá gastar 70 mil euros para iluminar "as principais ruas da cidade e as sedes de freguesia". O corte foi de 40 por cento e o autarca assumiu que o montante "é o estritamente necessário para celebrar condignamente a quadra".
Mais a norte, em Penafiel, a redução será "valente". Na cidade apenas serão iluminadas as duas entradas da cidade e o Largo do Município. O autarca Alberto Santos afirmou que se tratam de "decisões difíceis de tomar, mas que têm de ser implementadas". Em Guimarães a despesa foi "reduzida em 50 por cento", que se fará sentir nas vilas e freguesias", anunciou António Magalhães. Em Benavente a câmara decidiu cortar "toda a iluminação nas ruas e poupar 30 mil euros", anunciou por sua vez António Ganhão, prometendo "um presépio e uma árvore".
Um apagão de Natal "por uma questão de ética e respeito por quem não tem uma vida iluminada", concluiu Carlos Lucas, um dos mentores da página do Facebook que apela ao desligamento das luzes tradicionais da época.
Amadeu Araújo, aqui
