sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A GRANDE FARRA...

Lê-se aqui que a  austeridade não poupou a família real, que teve de aceitar um congelamento da "lista civil", os fundos públicos destinados a cobrir as despesas correntes da rainha e do marido.

A rainha Isabel II anulou a recepção que costuma dar de dois em dois anos ao pessoal por ocasião do Natal, alegando que é necessário "mostrar uma certa contenção" nos actuais difíceis tempos económicos, foi hoje anunciado.

Entretanto por cá, há quem ainda não tenha percebido que levar mais de mil seniores até à Quinta da Malafaia, para festejar o Dia do Idoso, num dia de passeio e festa, é quase uma afronta à inteligência dos munícipes e à economia local.

Será que é muito difícil perceber que o preço a pagar pelo transporte (quanto custa o frete dos autocarros necessários para mais de mil passageiros?) podia ser poupado se o evento ocorresse no concelho, e que o preço a pagar pelas refeições (quanto custam mais de 1000 refeições?) podia ser investino no concelho?

Sem que se consiga entender porquê, ainda vai havendo quem continue, impante, a alimentar cenários de concelhos à margem da realidade do país, imaginando que a crise lhes passa a lado, e que por isso mesmo é cada vez mais virtual; um cenário de que se orgulham de ter concebido e onde fazem questão de transmitir que se sentem confortáveis.

Quem pensa assim, até dá ideia que se está a borrifar para tudo isto, pois o que verdadeiramente interessa é que os Távoras desses concelhos e deste país se preparam em cada fim de semana para partir para as suas belas quintas na serra ou em montes alentejanos, enquanto milhões de anestesiados pela crise se perfilam nas caixas de multibanco a conferir o que resta dos respectivos saldos, para comprerem leite para os filhos que têm em casa!

Há-de haver uma altura em que as circunstâncias imporão que se reconheça que o tempo que corre não é de para farras alimentadas com truques de contabilidade, onde a chantagem dita regras, impondo o retardamento da apresentação de facturas para justificar o curto prazo dos pagamentos a efectuar, dando a falsa imagem de municípios cumpridores.

Esperemos que não seja demasiado tarde.