Apesar de alguma (relativa) evolução em termos do respeito pela propriedade dos outros e pelo bem comum - que nos últimos anos tiraram da nossa vista aglomerados de cartazes de bailes, festas e circos, que desde a era da farinha à cola mais sofisticada de aplicação com rodo se amontoavam em tudo o que era espaço público e não só - o certo é que a teimosia de muitos artistas do escadote faz de algumas zonas das nossas vilas e cidades um autêntico lixo mural.
Maus exemplos não faltam pela nossa Bairrada. E quando falo em mau é muito mau mesmo. De passagem por um dos concelhos deste magnífico território, em Oliveira do Bairro, reparei numas boas obras de arte de lixo mural, destacando-se neste autêntico aterro sanitário da propaganda a céu aberto a figura mediática da "coisa" ou do "coiso" Castelo Branco, o que me fez aproximar para saber até que ponto era aquilo a propaganda de um circo, de passagem pela região, pois dei comigo a regressar à minha meninice ao recordar que as atracções dos grande circos passavam por fenómenos da natureza, tipo uma vaca com cinco patas, cães futebolistas ou mesmo homens de duas cabeças e outros sem nenhuma, como parece ser o caso.
Realmente ao ver aquela aberração pensei estar perante um novo fenómeno nunca antes relatado na bíblia do grotesco “Freaks, aberrações humanas", um livro que reune o acervo fotográfico de Akimitsu Naruyama e que demosntra a exploração de fenômenos físicos humanos em circos e espetáculos itinerantes.
Afinal - e depois de uma olhada mais atenta para o cartaz - o "freak" esteve em Oliveira do Bairro para apadrinhar um espectáculo de misses e misters, pois claro, numa noite em que deveria parecer o pêndulo tresloucado de um velho relógio, sem saber para que lado parar quando faltasse a corda. Realmente nada melhor que ser o apresentador de algo que não lhe diz mesmo nada porque de homem e mulher tem pouco... é mesmo uma coisa ou um coiso.
A proliferação deste lixo nas paredes e edifícios já por si é mesmo algo "démodé" mas poluição mural e moral com a cara desta coisa eu digo "jamais Salomé". É mesmo "merde" a mais para uma simples parede. Noblesse oblige meu caro coiso... ou coisa.