sábado, 11 de setembro de 2010

O PAÍS DA BOLA

Portugal continua a ser pressionado pelos mercados internacionais a apertar o cinto, um cinto com cada vez mais buracos e uma fivela mais forte para não permitir folgas políticas.

Ainda assim parece que ninguém se dá conta do que já chegou e do que está para vir. É preciso falar verdade, como bem alerta o presidente da República.

Só com a verdade dos números oficiais e dos discursos políticos, feitos pelo Governo e pela Oposição, poderemos enfrentar estes tempos difíceis.

O Governo não pode pintar de cor-de-rosa uma realidade cinzenta, nem a Oposição pode denegrir os poucos sinais positivos que a economia vai dando. Precisamos de responsabilidade e ambição.

Porque o discurso partidário não mudou uma linha com a crise, a maioria dos portugueses está mesmo convencida de que o assunto mais importante da pátria é a selecção dos pontapés na bola. É por isso que as centenas de milhar de desempregados nos merecem menos consideração que o desemprego de Carlos Queiroz.

Falta-nos em solidariedade o que nos sobra em cultura telenovelesca.

No país da bola tudo serve para enterrar a cabeça na areia e não ver a desgraça que bate à porta. É preciso ver com olhos de ver, sem medo do trabalho que dá vencer uma crise. Portugal tem solução, tem futuro, basta que todos, recordando Kennedy, deixemos de perguntar o que pode o país fazer por nós e comecemos a procurar saber o que podemos fazer pelo país.

Paulo Baldaia, aqui