Agora que as tricas entre os partidos já arrancaram tendo por pretexto o Orçamento, e sabendo-se que o dia 9 de Setembro é igual aos outros no calendário de Cavaco Silva, vale a pena pensar se queremos continuar nesta mediania, perto da mediocridade e longe do resgate da História.
É claro que a questão orçamental é importante no imediato da Economia - e até pode ser crucial a curto prazo. Mas não passa de um sinapismo: de modo algum resolve o verdadeiro futuro. Se é que aspiramos a ter um futuro.
Nos últimos 30 anos avançamos muito: já "comemos com faca e garfo" (deixem dizer assim), vamos mais à escola e agora até nem chumbamos, enchemos o país de estradas e as estradas de automóveis, aprendemos a gastar "bem e depressa" (nem que seja fiado).
Acima de tudo isso, seguramos a liberdade! "Foi bonita a festa, pá!", mas não bastou.
Não nos iludamos, ainda somos os mesmos que aclamaram Spínola um mês depois de terem aplaudido Marcelo Caetano: a Educação Cívica ficou quase onde estava, fizemos por ela muito pouco.
Gostemos ou não, queiramos ou não, é a hora de começar de novo. Não precisamos de uma simples revisão constitucional - Portugal precisa, sim (não se assustem!), é de uma nova Constituição, que defina deveres além de direitos.
E precisamos, sobretudo, de gente de carácter, que fale a linguagem da verdade e do patriotismo. Que mande e preste contas.
Sem isso, nada feito
António Freitas Cruz, aqui