Terra está na zona de concentração de poeiras deixadas por cometa Swift-Tuttle.
Com os seus rastos de luz, que mal duram o tempo de um piscar de olhos, as estrelas cadentes, como lhes chama a voz popular, são um dos fenómenos que mais fascinam as pessoas quando olham o céu nocturno. Há até quem formule secretos desejos perante esses brilhos fugazes no céu. Amanhã, com o fenómeno das Perseidas a entrar no pico, espera-se noite afortunada, em que poderão ocorrer "entre 65 e 100 por hora", como afirmou ao DN Nuno Milagaia, do Centro de Ciência de Constância, onde a partir da tarde haverá observações abertas ao público.
Todos os dias há um ou outro destes meteoros - assim os designa a astronomia - que entra na atmosfera terrestre, riscando o céu, mas amanhã é noite de "chuva de estrelas". É o ponto alto das Perseidas, fenómeno que ocorre todos os anos por esta altura, quando a Terra se cruza na sua órbita com as poeiras deixadas pela cauda do cometa Swift- -Tuttle. Este ano há mais um aliciante: a Lua acaba de sair da sua fase nova e o céu terá uma escuridão particular para a observação do fenómeno. Num local sem poluição luminosa, longe de cidades, será mais fácil ver o "espectáculo".
Os meteoros são pequeníssimos grãos de poeira, muitos deles menores do que grãos de areia da praia, outros um pouco maiorzinhos. Quando a Terra passa em zonas do espaço com concentrações destas partículas, como agora está a acontecer, estas penetram na atmosfera a cerca de 59 quilómetros por segundo e acabam por arder e volatilizar-se, dando origem ao rasto luminoso que tanto atrai quem as vê.
Neste caso, observando com atenção, vê-se que os meteoros parecem provir de um determinado ponto, dali irradiando em todas as direcções. Esse ponto é chamado radiante e, no caso das Perseidas - daí o seu nome - , ele está junto à constelação de Perseu (ver gráfico).
Há relatos desta chuva de estrelas desde o século VIII, mas foi só em 1835 que o matemático e astrónomo belga Adolphe Quetelet (1796-1874) descobriu a origem do fenómeno e demonstrou que ele ocorre anualmente. O cometa Swift-Tuttle, que tem uma periodicidade de 133 anos, fez a sua última passagem por estas paragens em 1992.
O Centro Ciência Viva de Constância, onde a astronomia está sempre em destaque, tem um programa especial para a noite de amanhã, a propósito das Perseidas. Às 18.00, o astrónomo Máximo Ferreira reponde à pergunta: "Poderá uma estrela cair-nos em cima?" A resposta é não, mas vale a pena saber porquê. Pelas 21.00 é tempo de observar os planetas Vénus, Marte e Saturno, que estão alinhados no céu. Depois, quem por lá passar pode deixar de lado telescópios e binóculos. Os meteoros são mesmo para ver a olho nu.
Filomena Naves, aqui