Uma avaliação recente
O sistema urbano nacional apresenta uma dinâmica e densa articulação interna, avaliada nos finais da década de 90 do século passado (estudo Sistema Urbano Nacional. Cidades Médias e Dinâmicas Territoriais, DGOTDU, 1997) tendo sido então identificados seis sistemas urbanos regionais:
1. Norte Litoral, polarizado pela cidade-aglomeração do Porto, muito dinâmico, articulado numa lógica de valorização de complementaridades e especificidades que lhe confere uma capacidade de auto-regulação invulgar; ocupação do território densa e difusa em termos de população e de actividades; muito aberto ao relacionamento transfronteiriço com a Galiza.
2. Nordeste, estruturado por um eixo urbano linear em consolidação (Vila Real-Peso da Régua-Lamego) e por três cidades de dimensão média, pólos de retenção da população e da criação de emprego parcialmente articulado em dois eixos (Chaves-Vila Real-Peso da Régua-Lamego e Vila Real-Mirandela-Bragança) coincidentes com os principais eixos viários (IP3 e IP4), revelando-se insuficiências nas restantes articulações.
3. Centro, estruturado por dois eixos em formação e consolidação (Coimbra-Figueira da Foz, Guarda-Covilhã-Castelo Branco) e Viseu e a constelação de cidades/vilas envolventes (Aveiro-Ílhavo-Águeda-Oliveira do Bairro), revela uma distribuição espacial equilibrada.
4. Lisboa e Vale do Tejo, fortemente polarizado pela Área Metropolitana de Lisboa, que tende a integrar a dinâmica das cidades mais próximas como Santarém, Rio Maior e Torres Vedras; área muito densa, concentrada e dinâmica, fortemente internacionalizada.
5. Alentejo integra dois pequenos eixos com fraca capacidade polarizadora (Estremoz-Vila Viçosa e Santiago do Cacém-Sines-Santo André) e a cidade de Elvas, centro importante de relacionamento transfronteiriço; em estruturação, enquadrado num território extenso, de fraca densidade, com um modelo de povoamento muito concentrado e dinâmicas regressivas significativas.
6. Algarve (forma linear, determinado por um processo de forte urbanização da faixa litoral, implicando um esvaziamento do interior da Serra; região polinucleada com características de internacionalização de perfil turístico; muito aberto ao relacionamento transfronteiriço.
Nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira a atracção pela orla costeira foi desde os primórdios factor determinante do povoamento. Também aqui a orla litoral possui maiores aptidões agrícolas, menor altitude e é maior a facilidade de comunicações por terra. Ainda hoje a rede urbana das ilhas ilustra parcialmente esta antiga e natural vocação pelas posições litorais. Estruturadas pelas rotas de cabotagem, as cidades que mais se desenvolveram correspondem às que melhores condições ofereciam à navegação. Hoje são as redes rodoviárias a imprimir novas nuances à matriz urbana nas ilhas atlânticas. As estradas e as novas áreas de expansão urbana, ao não acompanharem a linha do litoral, condicionado por fortes arribas, desenvolvem-se a cotas mais elevadas e assim tem-se assistido à subida das povoações das pequenas enseadas para a encosta, num movimento de sentido ascendente, inverso ao verificado no continente – onde a tendência é a expansão dos lugares dos pontos altos para as terras baixas.
Nuno Pires dos Santos In http://www.igeo.pt/atlas/Cap2/Cap2d_2.html