“A Banda”, um dos grandes êxitos de Chico Buarque, foi composta quase num só dia. Em 1966, o Brasil rendeu-se a ela e o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu no Correio da Manhã que “o jeito, no momento, é ver a banda passar, cantando coisas de amor. Pois de amor andamos todos precisados.”
Já “Construção”, essa música enorme sobre os últimos instantes da vida de um operário (ideia que nasceu no final da composição) passou na censura porque, conta o escritor Humberto Werneck, o advogado João Carlos Muller Chaves “ao entregar a letra, num golpe de ironia e audácia, pediu que a proibissem; os censores, então, como que para contrariá-lo, liberaram ‘Construção’ sem cortes”.
O livro de Wagner Homem reúne inúmeras pequenas grandes histórias como estas. Amigo de Chico desde 1989, foi coleccionando episódios paralelos à chegada de cada nova letra, de cada nova música de um dos artistas mais multifacetados da actualidade. Wagner, interessado pela obra do cantautor brasileiro, começou por gerir o seu site (e também o de Maria Bethânia) e acabou a compilar um importante documento para perceber o texto e o contexto da música popular brasileira e de um dos seus grandes representantes.
Como diz Toquinho numa das badanas deste livro, “músicas têm histórias, e é bom saber delas, principalmente das de Chico”.
HISTÓRIAS DE CANÇÕES
Wagner Homem
Dom Quixote
352 págs; € 15,90
In http://livros.sapo.pt/sugestoes/artigo/16157.html
