Dados divulgados pela empresa Confidencial Imobiliário, que produz estatísticas sobre o sector, dão conta de que em 2009 a oferta neste mercado cresceu 40 por cento na área metropolitana. Embora por quantificar, a procura sofreu igualmente um crescimento fácil de explicar. "Devido às restrições ao crédito bancário causadas pela crise financeira, existe uma forte procura no arrendamento", confirma o presidente da Associação Lisbonense de Proprietários, Luís de Menezes Leitão.
"O aumento da oferta de arrendamento é um efeito virtuoso da crise", considera o director da Confidencial Imobiliário, Ricardo Guimarães, "já que alugar é mais saudável para a economia e estimula a reabilitação urbana". Com novos alugueres, os senhorios dos prédios velhos ficarão com mais possibilidades de fazer obras.
"Em Lisboa continua a haver escassez de casas para alugar. Há zonas completamente "tapadas" com rendas antigas", refere o presidente da Associação Lisbonense de Proprietários. Com rendas médias da ordem dos 11,2 euros por metro quadrado - mas que podem chegar aos 14 euros -, a capital tem, como seria de esperar, os alugueres mais caros da área metropolitana. O concelho de Cascais surge logo a seguir, com dez euros por metro quadrado, e Oeiras fica em terceiro lugar, com nove.
Já no concelho do Porto as rendas médias não vão além dos 7,1 euros por metro quadrado. Santa Maria da Feira, Guarda e Oliveira do Bairro são os sítios onde fica mais barato alugar: pouco mais de três euros.
"A construção está parada", sintetiza Monteiro de Barros, secretário-geral executivo da Union Paneuropéenne de la Propriété Immobilière. "Não conseguindo vender, promotores e construtores alugam, aceitando a desvalorização das casas até um nível que os pode conduzir à falência".
Mas enquanto no resto do país o valor das rendas continua em queda pelo terceiro trimestre consecutivo, na cidade de Lisboa o fenómeno começa a inverter-se. "Depois de dois trimestres em depreciação, o início de 2010 deu sinais de retoma", com um aumento das rendas da ordem dos 0,3 por cento, refere a última edição da revista da Confidencial Imobiliário. São sinais de retoma que não chegam, porém, para alcançar os valores do período homólogo. Nem, por enquanto, para alterar de forma significativa um mercado que, como diz Menezes Leitão, está distorcido há décadas pelo congelamento das rendas e pela desconfiança dos proprietários, gerada pelas dificuldades em despejar quem não paga.
In http://www.publico.pt/Local/crise-empurra-a-grande-lisboa-para-casas-alugadas_1445585