quarta-feira, 28 de julho de 2010

ALÉM DO PEC

Os portugueses perceberam que o país se encontra numa situação de baixa produtividade e de baixa competitividade sustentadas ao longo da última década. Vivendo acima das nossas possibilidades, acumulámos um importante défice da nossa balança de transacções com o exterior e desenhámos uma trajectória económica e financeiramente difícil.

Por isso o Programa de Estabilidade e Crescimento - PEC - foi bem aceite. Embora pareça necessário ir mais fundo na redução dos encargos, quer ao nível dos investimentos quer ao nível dos encargos correntes.

À semelhança do que outros países europeus fizeram, foi aconselhável suspender até melhor oportunidade os grandes investimentos públicos em infra-estruturas, mas é necessário controlar rigorosamente os encargos da administração pública e das empresas públicas e municipais e é aconselhável diminuir exemplarmente os encargos ao nível do Governo, do Parlamento, das Regiões Autónomas e das Autarquias. Assim se poderá criar uma dinâmica de contenção e rigor.

Mas, em paralelo, é imprescindível incentivar o crescimento e o desenvolvimento económicos, procurando criar condições ao investimento, à produção - especialmente de produtos e serviços competitivos no contexto internacional - e à exportação. Incentivar os que fazem bem a conseguirem inovar e os que não fazem tão bem, a fazerem melhor, desenvolvendo uma cultura transversal de qualidade, a apontar para a excelência.

É sabido que quando se consegue conquistar as pessoas para grandes objectivos de interesse comum, elas dão o melhor de si, galvanizando-se e conseguindo resultados surpreendentes, por vezes até fantásticos. Portugal precisa de um envolvimento de interesse nacional para a recuperação económica e financeira do país. As pessoas precisam de perceber a importância de cortarem nas despesas supérfluas, de aumentarem a poupança e de contribuírem activamente para o desenvolvimento.

Não sei se um Governo - o actual ou outro - poderá por si só concretizar com sucesso tamanho empreendimento. É provável que seja necessário um acordo político - partidário e não só - das grandes linhas de desenvolvimento para o país, que possibilite a estabilidade necessária a uma recuperação forte, talvez até surpreendente.