quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

SINAIS


Notas positivas, três luzinhas ao fundo do túnel. Portugal começa a estar bem visto lá fora, ao cumprir as exigências da Troika

(Cá dentro, o governo não tem esse prémio). 

A primeira emissão de títulos de tesouro a curto e médio prazo foi êxito. Uma enorme procura e os juros mais baixos, quando no governo de Sócrates já ninguém nos comprava dívida. Outro sinal positivo: os nossos emigrantes melhoraram a balança de pagamentos, ao fazerem remessas para Portugal. 


Não o fizeram para ajudar propriamente o governo a tapar o buraco, senão para pagar despesas e investimentos familiares, porque se trata de gente bem mais honesta do que muitos dos nossos políticos. Às vezes, basta olhar para a cara de alguns rapazes! Vê-se logo que não merecem confiança. A terceira nota: os portugueses têm vindo a aumentar as suas poupanças, com receio do futuro sempre incerto. 

Aprenderam que não podem gastar mais do que têm e ainda conseguem forrar algum. Melhores gestores da coisa doméstica do que da coisa pública todos os loucos e insensatos dos nossos ministros.

Porém, a pouca seriedade e a gritaria sobre a tão falada e tão pouco debatida reforma do Estado derrota estes sinais. Alguns dizem até que é disfarce para o governo nos confiscar mais de 4 mil milhões de euros. O que exigiria consenso alargado e uma grande base de coesão a nível de concertação social, a reforma do Estado, governo e PS afastam-se cada vez mais, fecham portas. Ninguém está interessado em consensos. 

O PSD faz à porta fechada uma conferência debate. Para dar a entender que faz, mas não faz. Ninguém ficou a saber as ideias. O PS, que parece que também não as tem, ora é a favor da ADSE, ora é pela extinção. O debate sobre a reforma é coisa pouco séria a nível político. Pela falta da discussão e pelo mínimo tempo. 

Quando o governo precisou do PS para amplo consenso, foi-o marginalizando, até mais esta trapalhada. José Seguro, que já tem governo e tudo, menos bom senso, corre já para as eleições, está em campanha, mas diz não fazer promessas para depois não cumprir. 

Não as faz, porque não tem ideias claras, seguras, empurrando o país, com mais barriga do que olhos, para uma indesejável crise política de que o CDS e PSD não podem limpar nunca as mãos. 

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 24 de Janeiro de 2013