segunda-feira, 5 de novembro de 2012

REMODELAÇÃO MÍNIMA


A remodelação que se impõe no governo, dado o falhanço da governação no melhor sentido, por razões da conjuntura externa, mas também por cavaladas internas, foi bastante frouxa, mínima, ainda que os secretários de Estado que tomaram posse (Tesouro, Cultura, Ensino Básico e Secundário e Finanças) sejam pessoas com créditos firmados

Uma coisa é certa: cresce o governo, não crescem a certeza e a esperança de melhores dias. Saíram dois, todos por motivos pessoais, entraram três. 


Cada vez somos mais devedores ao estrangeiro: o défice já vai nos 124%. Ainda que Gaspar diga que já galgámos da maratona 2/3. A nós parece-nos que ainda nem arrancámos. Não produzimos para comer e os que trabalham fazem-no durante meio ano para pagar impostos.

 Ao todo poderoso Gaspar foi-lhe concedido mais um secretário. Pode ser que, de mente mais aliviada, possa acertar alguma previsão. Os cálculos saem-lhe sempre furados. Quando menos com menos, nunca pode dar mais. O consenso geral é que a austeridade deve abrandar, sob pena da cura chegar depois da mortandade geral; que o governo deixe de ser bom aluno da Troika que, vai zelando os seus interesses, cobrando juros altos, e passe a bater-se mais pelos dos portugueses, aliviar-lhes a carga fiscal  sem que isso signifique romper compromissos.

 Há quem defenda que Coelho não fará nenhuma remodelação antes das autárquicas. Está manietado. Para mexer nos ministros, era forçoso  dispensar (já o deveria ter feito) Miguel Relvas, má imagem do governo. Mas as relações pessoais e de antigos interesses comuns pesam bem mais que os do país. 

Ainda que Relvas venha a perder o canudo da licenciatura, obtida na Lusófona, à base de creditações profissionais. Só no ao lectivo de 2006/7 beneficiou de 160 créditos. Ele apenas precisou de um ano para atingir o grau académico.

Enquanto isso, Passos continua a falar figurado. Falou de refundação (espera-se que não seja para o buraco ficar mais fundo…). Seguro não entendeu, nem a UGT. Refundação do acordo com Troika? Com as Jornadas Parlamentares do PSD e CDS, houve muitos apelos ao PS para colaborar nas reformas. Seguro diz que é tarde e nega estender a mão. 

Com um pouco de razão. Coelho tem-lhe passado ao lado. 

E é pena. 

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 31 de Outubro de 2012