A remodelação que se impõe no
governo, dado o falhanço da governação no melhor sentido, por razões da
conjuntura externa, mas também por cavaladas internas, foi bastante frouxa,
mínima, ainda que os secretários de Estado que tomaram posse (Tesouro, Cultura,
Ensino Básico e Secundário e Finanças) sejam pessoas com créditos firmados.
Uma
coisa é certa: cresce o governo, não crescem a certeza e a esperança de
melhores dias. Saíram dois, todos por motivos pessoais, entraram três.
Cada vez somos mais devedores ao estrangeiro: o défice já vai nos 124%. Ainda que Gaspar diga que já galgámos da maratona 2/3. A nós parece-nos que ainda nem arrancámos. Não produzimos para comer e os que trabalham fazem-no durante meio ano para pagar impostos.
Cada vez somos mais devedores ao estrangeiro: o défice já vai nos 124%. Ainda que Gaspar diga que já galgámos da maratona 2/3. A nós parece-nos que ainda nem arrancámos. Não produzimos para comer e os que trabalham fazem-no durante meio ano para pagar impostos.
Ao todo poderoso Gaspar foi-lhe concedido mais
um secretário. Pode ser que, de mente mais aliviada, possa acertar alguma
previsão. Os cálculos saem-lhe sempre furados. Quando menos com menos, nunca
pode dar mais. O consenso geral é que a austeridade deve abrandar, sob pena da
cura chegar depois da mortandade geral; que o governo deixe de ser bom aluno da
Troika que, vai zelando os seus interesses, cobrando juros altos, e passe a
bater-se mais pelos dos portugueses, aliviar-lhes a carga fiscal sem que isso signifique romper compromissos.
Há quem defenda que Coelho não fará nenhuma
remodelação antes das autárquicas. Está manietado. Para mexer nos ministros,
era forçoso dispensar (já o deveria ter
feito) Miguel Relvas, má imagem do governo. Mas as relações pessoais e de
antigos interesses comuns pesam bem mais que os do país.
Ainda que Relvas venha
a perder o canudo da licenciatura, obtida na Lusófona, à base de creditações
profissionais. Só no ao lectivo de 2006/7 beneficiou de 160 créditos. Ele
apenas precisou de um ano para atingir o grau académico.
Enquanto isso, Passos
continua a falar figurado. Falou de refundação (espera-se que não seja para o
buraco ficar mais fundo…). Seguro não entendeu, nem a UGT. Refundação do acordo
com Troika? Com as Jornadas Parlamentares do PSD e CDS, houve muitos apelos ao
PS para colaborar nas reformas. Seguro diz que é tarde e nega estender a mão.
Com um pouco de razão. Coelho tem-lhe passado ao lado.
E é pena.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 31 de Outubro de 2012