segunda-feira, 29 de outubro de 2012

“POORTUGAL”


Mais dor, menos Resultado” é este o título de um artigo que a revista britânica Economist dedica à situação de Portugal

O artigo lembra que antes da crise do euro, o governo (então Sócrates) reinventou o destino turístico ao sul do país com a adoção da marca “Allgarve”. A revista refere-se agora a uma piada que sugere a mudança do nome do país para “Poortugal” (de pobre).

O corrosivo humor britânico não podia ser mais apropriado. A abrangência que sugeríamos com Allgarve (todos) não deixa de ser a mesma envolvência para nos verem empobrecer devido à sucessiva incompetência dos governantes.

Perdemos a independência económica porque confundimos conceitos básicos bem identificados pela primeira-ministra britânica Margaret Thatcher. Dizia a dama de ferro que “Não existe tal coisa como o dinheiro público, mas apenas o dinheiro dos impostos pagos pelos contribuintes". 

Os governantes têm administrado o dinheiro que os contribuintes lhes colocam nas mãos sem o necessário sentido de responsabilidade, parcimónia e humildade de quem gere o que não é seu. A prova está no endividamento absurdo a que chegámos, na conveniente falta de escrutínio democrático e no inoperante sistema de justiça.

Para quem como eu, viveu jovem a revolução de Abril e nunca acreditou na estatização, se opôs às ditaduras políticas do PREC, não percebe esta nova ditadura económica tutelada pela cínica solidariedade alemã. Os alemães, como os chineses, nunca fizeram nada de borla. 

Dizem-nos que somos uma sociedade aberta, uma economia de mercado, da livre iniciativa, onde quem mais trabalha se deve distinguir, mas insistem em nacionalizar o fruto do nosso labor diário, apropriar-se duma parte da produção das nossas empresas e duma considerável parte da riqueza que soubemos amealhar. 

Tal e qual como numa ditadura comunista. Mas redistribuição do confisco está pouco mais que ao nível dessas ditaduras e o grau de serviço do estado é tão baixo como nesses regimes. Só nos deixam a liberdade de protestar e de dizer. 

Não é mau, mas convenhamos, ninguém vive do protesto por muito tempo.

António Granjeia, no 'Jornal da Bairrada' de 25 de Outubro de 2012