Mais dor, menos Resultado” é este
o título de um artigo que a revista britânica Economist dedica à situação de
Portugal.
O artigo lembra que antes da crise do euro, o governo (então
Sócrates) reinventou o destino turístico ao sul do país com a adoção da marca
“Allgarve”. A revista refere-se agora a uma piada que sugere a mudança do nome
do país para “Poortugal” (de pobre).
Perdemos a independência
económica porque confundimos conceitos básicos bem identificados pela
primeira-ministra britânica Margaret Thatcher. Dizia a dama de ferro que “Não
existe tal coisa como o dinheiro público, mas apenas o dinheiro dos impostos
pagos pelos contribuintes".
Os governantes têm administrado o dinheiro
que os contribuintes lhes colocam nas mãos sem o necessário sentido de
responsabilidade, parcimónia e humildade de quem gere o que não é seu. A prova
está no endividamento absurdo a que chegámos, na conveniente falta de
escrutínio democrático e no inoperante sistema de justiça.
Para quem como eu, viveu jovem a
revolução de Abril e nunca acreditou na estatização, se opôs às ditaduras
políticas do PREC, não percebe esta nova ditadura económica tutelada pela
cínica solidariedade alemã. Os alemães, como os chineses, nunca fizeram nada de
borla.
Dizem-nos que somos uma sociedade aberta, uma economia de mercado, da
livre iniciativa, onde quem mais trabalha se deve distinguir, mas insistem em
nacionalizar o fruto do nosso labor diário, apropriar-se duma parte da produção
das nossas empresas e duma considerável parte da riqueza que soubemos amealhar.
Tal e qual como numa ditadura comunista. Mas redistribuição do confisco está
pouco mais que ao nível dessas ditaduras e o grau de serviço do estado é tão
baixo como nesses regimes. Só nos deixam a liberdade de protestar e de dizer.
Não é mau, mas convenhamos, ninguém vive do protesto por muito tempo.
António Granjeia, no 'Jornal da Bairrada' de 25 de Outubro de 2012