quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O SILÊNCIO DE PORTAS


O país político transformou-se, nestes últimos tempos, num grande manicómio.

A partir da TSU, a coligação entrou em tremuras e, na última semana, o silêncio de Portas foi preocupante, doentio e incómodo. Não só para o PSD, como para o país.

Casamento em ruptura e sendo sempre o que foi, de conveniência, PSD e CDS não se entendem quanto às medidas de austeridade. 

O CDS que na campanha prometeu baixar os impostos, quer ser o bom da fita. Passos também prometeu. Exactamente a mesma figurinha que anda agora a fazer Seguro, ao dizer o que o povo gosta de ouvir: promessas e tretas. Parece que o CDS quer ser governo e oposição, ao mesmo tempo. 

Depois de um longo silêncio chantagista, Portas, julgando que colhia votos, só esvaziou a importância do partido. Mesmo depois, quando veio dizer que votaria favoravelmente o Orçamento, para não criar uma crise política, por uma questão de patriotismo. As razões são outras. 

A crise já estava instalada e Portas não pode estar de consciência tranquila. Reunido o conselho nacional do PSD para deitar água no incêndio, Passos veio dizer que não há desentendimento, como se fosse verdade, mas logo lembrou que quem ganhou as eleições foi o PSD. 

Toda esta tumultuação na coligação deu azo a que Seguro se lhe referisse como “espectáculo degradante”. Conversem em privado, por favor, abandonem a praça pública para os desabafos, os arrufos. Entendam-se de vez e ponham nessa cabeça juízo e sensibilidade para não serem tão cegos e brutinhos nas medidas. 

Se a tyroika diz, um dia, esfole-se, o governo diz, no outro, mate-se... Isto só pode levar a triste funeral com milhões de pobres a assistir, rotos e famintos. Se agora já há 2 milhões, daqui 2 anos, metade do país está de tanga. Coisa que não sucederá a Jardim Gonçalves que tem só uma reforma de 170 mil euros/mês.

Também Mário Soares, beneficiário de largas prebendas, mais zangado agora que lhe cortaram 30% nos subsídios para a fundação, continua a arrasar o governo, que, na sua óptica, só “faz asneiras”. Uma delas foi seguramente não ter acabado com a sua fundação e muitas outras que têm sido sorvedouro do nosso dinheiro. 

Para não falar de Otelo que, dizendo o que diz, cai no ridículo. 

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 25 de Outubro de 2012