Ao longo de muitos meses,
numa atitude responsável, empenhada e, na minha opinião, muito dignificante,
esta Assembleia desenvolveu um conjunto de iniciativas públicas e privadas com
uma única intenção, a de procurar informar-se e informar sobre a questão da
Reforma Administrativa.
Não só reunimos com todas as estruturas do poder Autárquico (Juntas e Assembleias de Freguesia e Executivo Municipal), como promovemos reuniões em que juntámos todos estes Órgãos à mesma mesa para discutir este assunto.
Durante todos estes meses, desde a primeira versão do documento verde, procurámos e diligenciámos, no sentido de nos munirmos de toda informação e de todos os esclarecimentos para podermos decidir em consciência o que fazer e, sobretudo, fazer o que seria o melhor para todos e, fundamentalmente, para o nosso Município e a sua população.
Entendemos ainda desenvolver
estas reuniões num âmbito mais restrito e recatado enquanto tal Reforma não
estivesse sustentada num documento formal e definitivo.
Quando esse documento
chegou, na sua versão final, avançámos para a discussão pública com as sessões
de esclarecimento que decorreram em todas as freguesias do Concelho de Oliveira
do Bairro.
Procurámos ouvir as
populações e sentir a sua vontade, mas procurámos também construir com a
população uma ideia, um caminho partilhado e único. Um caminho feito de
convergências, que aglomerasse aquilo que nos une e diluísse aquilo que nos
pudesse separar.
Investimos na transmissão de
informação, procurámos partilhar o que sabíamos com todos como disso é exemplo o
desdobrável que fizemos chegar á população.
Importa também sublinhar que
não estivemos sozinhos neste processo.
É de elementar justiça aqui
referir o esforço e trabalho desenvolvido pelas Assembleias de Freguesia, pelo
Executivo Municipal e mesmo pela comunicação Social, com particular destaque
para Jornal da Bairrada cuja cobertura deste processo e em particular das
secções de esclarecimento, merece de todos nós um vigoroso aplauso e um sentido agradecimento pelo extraordinário
trabalho que desenvolveram e pelo grande contributo de deu a este esfoço colectivo
e transversal a toda a classe politica e até para além dela.
Hoje, podemos não ser
detentores de muitas certezas, podemos não estar certos de qual será o melhor
caminho, ou de qual será a opção perfeita (talvez até não exista essa solução
perfeita, talvez não exista sequer uma boa solução), mas podemos todos ter a
certeza que, sendo certo que poderíamos sempre fazer mais, fizemos muito,
empenhamo-nos todos… Permitam-me que lhe diga que talvez tenhamos feito mais do
que qualquer outro Município deste nosso Pais.
Podemos discordar e
discordámos em várias matérias, mas tenho que dizer que muito dignificámos esta
Assembleia Municipal e a democracia e que todos, das estruturas de freguesia
até aos cidadão passando pelo Executivo Municipal, todos procurámos cumprir com
lealdade as funções que nos foram confiadas e fizemo-lo naquela que é talvez a
mais difícil decisão que este município teve para tomar nas décadas que nos
precederam e nas décadas que se seguirão.
Das Secções de
Esclarecimento dizer que a primeira conclusão é que a população de Oliveira do
Bairro demonstrou de forma inequívoca uma maturidade democrática e uma
consciência e responsabilidade cívica que nos deve encher a todos de orgulho.
Deu, a população do nosso
Concelho, um exemplo ao Pais do que é estar à altura das responsabilidades, e
deu sobretudo, uma resposta clara e inequívoca que pensa, que reflecte, que tem
opinião e que está pronta a participar. Que não se esconde, que não ignora e
que não tem medo.
A segunda conclusão é que tal
realidade faz aumentar a nossa responsabilidade na mesma medida que potencia a
nossa motivação para procurarmos estar á altura deste povo que aqui
representamos.
Podemos ainda concluir, em todas
as secções de esclarecimento, que a população não se revê nesta lei, que a
considera uma lei incompleta e injusta.
Que não explica quase nada,
que justifica muito pouco, que não esclarece o “como” e o “de que forma”.
Numa frase: Que é uma má lei, uma lei injusta e que uma lei injusta não
devia ser lei.
Foi muito claro que ninguém
compreende o “porquê” de se extinguirem freguesias com tanta identidade, com
tanta história. Todas e cada uma, nas suas especificidades, são possuidoras de
uma dinâmica associativa, cultural e económica relevante. Que todas são referências afectivas e
sociológicas para os seus fregueses.
Importará sobretudo aqui
deixar claro que ficou, em todas as seções de esclarecimento, bem vincada a
vontade, largamente maioritária, de manter os limites geográficos das
freguesias exactamente como estão…
Depois foram levantadas
questões pertinentes:
Como podemos explicar as
vantagens, os ganhos se eles não estão plasmados na lei?
Onde estão definidas as
novas competências?
Onde estão clarificadas as
compensações financeiras?
Questões como estas são bons
exemplos da realidade com que vivemos e as respostas que não demos, que não
podemos dar a estas perguntas, porque não sabemos, porque não podíamos saber,
são também exemplos paradigmáticos das dificuldades e das condições em que
temos nós que tomar uma decisão.
A questão que permanece é a
de como poderíamos, nós e a população, abdicar deste valor, tão interiorizado em cada um e que liga profundamente a sua identidade à sua
freguesia, quando não conseguimos explicar
sequer o “porquê”, os ganhos e as vantagens desta reforma?
Se não conseguimos
descortinar a relevância que pudesse justificar que, todos e cada um, abdiquem
de valores tão profundos e tão pessoais, que muitos consideraram fundamentais
para a definição do individuo enquanto pessoa, que é a terra onde vive, a terra
onde nasceu. Como podemos então defender tal reforma?
Sr. Presidente, Senhoras e
Senhores Deputados
Temos perante nós, neste
momento, as posições plasmadas na forma de documento, das Assembleias de
Freguesia, cada uma com os seus argumentos, com fundamentações diversas em
função das especificidades de cada uma, mas todas elas têm em comum a defesa
das suas freguesias e a manutenção dos seus limites geográficos, na ideia
fundamental de que devem permanecer exactamente como estão.
É verdade que o executivo
municipal promoveu (em boa hora) a realização de uma sondagem cujos resultados
apontam, também claramente, que é vontade da população que sejamos nós a
pronunciarmo-nos.
Também eu percebo essa
vontade, também eu entendo que seria sempre preferível sermos nós a decidir e
não deixarmos a decisão para outros que, distantes desta nossa realidade
decidam, pouco ou nada sabendo sobre a nós.
A população quer que sejamos
nós a decidir, é verdade, mas não quer que sejam agregadas freguesias.
A população quer que sejamos
nós a decidir, mas também quer que as freguesias permaneçam exactamente como
estão.
A verdade é a que nós
representamos a vontade das populações, nós devemos, dentro das nossa
capacidades e competências, fazer o nosso melhor para reflectir, em cada
decisão que tomamos, aquele que é o entendimento e a vontade dos que nos
elegeram.
E a verdade é que,
As Assembleias de Freguesia
não querem ser agregadas. Isso é claro e isso está escrito;
A população nas secções de
esclarecimento indicou, por larga
maioria dos presentes, que não querem ser agregadas, isso foi claro e nós somos
testemunhas disso.
Os Partidos políticos, sem
excepção, querem ver respeitada a vontade da população. Isso ficou claro e isso
também ficou escrito.
Sr. Presidente, Senhoras e senhores deputados
Sr. Presidente, Senhoras e senhores deputados
Quer a Bancada do Partido Social
Democrata, que aqui represento, deixar também muito claro e também por escrito
o seguinte:
Nós não estamos disponíveis
para decidir contra a vontade expressa das populações, que nós não estamos
disponíveis para decidir qualquer tipo de agregação de qualquer umas das seis
freguesias.
A população defende a
manutenção das nossas freguesias exactamente como estão e nós respeitamos e defendemos
a vontade da população.
As assembleias de Freguesia
estão contra qualquer agregação das suas freguesias e a Bancada do PSD respeita
a posição dessas estruturas.
O Partido Social
Democrata indicou claramente que deve
ser respeitada a vontade das populações e as posições das Assembleias de
Freguesia e a Bancada do PSD respeita a disciplina do partido.
Para que não restem dúvidas,
entende a Bancada do PSD que o nosso caminho e que a nossa decisão individual e
colectiva, é a da defesa da manutenção das seis freguesias.
Saiba o Sr. Presidente e
esta Assembleia que a Bancada do partido social democrata, face aos argumentos
por mim aqui apresentados, têm a seguinte posição:
Defendemos que a decisão
desta Assembleia seja a de uma Não Pronúncia. Uma não pronúncia fundamentada na
manutenção das seis freguesias exactamente como estão.
Nuno Barata