segunda-feira, 18 de junho de 2012

IMPULSOS

Não há dúvida que o governo tem impressionado mais o exterior do que o próprio país.

É natural que, após ficar aprovado no quinto exame da Troika, ainda que lhe fosse apontado o atraso nas reformas estruturais, corra uma onda de optimismo no poder.


Talvez exagerado.



O desemprego continua a aumentar, na sequência trágica da insolvência das empresas que vão ao charco em que nos tornámos, pela violência dos impostos, o que não significa, em muitos casos, aumento de receitas. Com o que todos perdem: empresários, Estado, Segurança Social e as famílias que deviam gozar de alguma protecção e marcham aos pontapés.

Veja-se o caso da restauração com o aumento do IVA para 23%. Revelou-se um desastre, que continuará cada vez mais explosivo se não for diminuída a carga fiscal sobre empresas e pessoas, se não for derretida a gordura do Estado, o que muito tarda.

Até agora e ao fim de um ano de governo, este só trabalhou para Troika ver, cumprindo escrupulosamente as metas do programa, receita que é igual para todos os países, ainda que as doenças e as circunstâncias sejam diferentes. É dose cavalar. O doente ou se cura ou morre.

No entender de Ferreira Leite, que esteve, há dias, no Espaço Inovação, em Oliveira do Bairro, ela que fez parte do governo de Durão Barroso e não tapou o buraco que já eram as Finanças - tal como defende Rui Rio, a solução para a saída da crise que persiste, seria alargar o tempo de tratamento, renegociar as medidas e os bancos libertarem dinheiro para ajuda das empresas; não só das que exportam (18 mil), mas também das micro empresas (320 mil, as maiores empregadoras), dizemos nós.

Com o cumprimento rigoroso das medidas, o país ganhou credibilidade e Passos Coelho agradece a paciência dos Portugueses. Bem pode agradecer, mas o limite entre a paz e o conflito social anda na ponta da navalha. Alcançado este patamar, talvez não fosse escandaloso renegociar prazos…

Por cá, melhorias não se vêem ou são ténues. No primeiro trimestre foram criadas cerca de 10 mil empresas e Relvas criou o Impulso Jovem que pode colocar 90 mil jovens, à custa dos fundos comunitários, pelo menos durante 18 meses, que é quanto dura esta oportunidade.

Sinais positivos, mas ténues.

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 14 de Junho de 2012