Na última reunião do executivo municipal de Oliveira do Bairro, foram apreciados, discutidos e deliberados dois documentos de
elevada importância, relacionados com os riscos da gestão do município.
Efectivamente, a gestão do risco é uma actividade que assume um carácter transversal, constituindo uma das grandes preocupações dos diversos Estados e das organizações de âmbito global, regional e local, revelando-se um requisito essencial ao funcionamento dos Estados de Direito Democrático, sendo fundamental nas relações que se estabeecem entre os administrados e a administração no desenvolvimento das economias e no normal funcionamento das instituições.*
O primeiro desses documentos foi o 'Relatório de Execução Anual do Plano de Prevenção de Riscos de Gestão, incluindo os de Corrupção e Infracções Conexas da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro', relativo ao ano de 2009.
Efectivamente, a gestão do risco é uma actividade que assume um carácter transversal, constituindo uma das grandes preocupações dos diversos Estados e das organizações de âmbito global, regional e local, revelando-se um requisito essencial ao funcionamento dos Estados de Direito Democrático, sendo fundamental nas relações que se estabeecem entre os administrados e a administração no desenvolvimento das economias e no normal funcionamento das instituições.*
O primeiro desses documentos foi o 'Relatório de Execução Anual do Plano de Prevenção de Riscos de Gestão, incluindo os de Corrupção e Infracções Conexas da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro', relativo ao ano de 2009.
Relativamente a este relatório, não deixou de ser
estranho o facto de o documento analisado apenas estar agora a ser debatido,
quando o mesmo se reporta a uma actividade desenvolvida no ano de 2009; uma
estranheza mais do que justificada e pertinente, quando é certo que é a própria
legislação que refere que estes relatórios são anuais.
Quanto ao conteúdo do documento, trata-se de um balanço
da actividade desenvolvida em relação à eficácia, ou não, das medidas propostas
em relação aos riscos de corrupção e infracções conexas que constavam do Plano de Prevenção de 2009 aprovado em Dezembro desse ano.
Um balanço que, no entanto, não pode ser considerado como positivo, porque uma grande parte dos riscos então detectados (em 2009) se mantêem, o que só pode ser sinónimo de uma de duas coisas: ou as medidas propostas em 2009 para reduzir ou eliminar os riscos detectados foram implementadas mas foram ineficazes, ou as ditas medidas não terão sido sequer implementadas.
Um balanço que, no entanto, não pode ser considerado como positivo, porque uma grande parte dos riscos então detectados (em 2009) se mantêem, o que só pode ser sinónimo de uma de duas coisas: ou as medidas propostas em 2009 para reduzir ou eliminar os riscos detectados foram implementadas mas foram ineficazes, ou as ditas medidas não terão sido sequer implementadas.
Esta dúvida acaba por ser desfeita com a apresentação
do Plano de 2011, de cuja análise resulta que para a redução ou eliminação
desses mesmos riscos continuam a ser propostas exactamente as mesmas medidas, o
que permite concluir que estas não terão sido implementadas em 2009, pese
embora continuarem, três anos volvidos, a ser acolhidas e consagradas como indicadas para reduzir ou eliminar os ditos riscos.
*
Seguidamente, a análise incidiu sobre o 'Plano de
Prevenção de Riscos de Gestão, incluindo os de Corrupção e Infracções Conexas
da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro', relativo ao ano de 2011.
E desde logo, se renovou a questão da
(in)tempestividade do documento: tratando-se, como efectivamente se trata, de um documento que tem de ser elaborado
anualmente, por que é que em 2010 não houve Plano, e o de 2011 só agora (em
2012) está a ser apreciado e deliberado? E o de 2012, quando será apreciado?
Questões pertinentes, que no entanto não obtiveram resposta.
Questões pertinentes, que no entanto não obtiveram resposta.
Na extensa parte preambular e justificativa são,
entre outros, referidos os princípios da ‘garantia efectiva do direito à
informação dos administrados’, e da interligação entre a ‘realização harmónica
dos interesses públicos e a clareza e transparência que permita a
sindicabilidade das decisões pelos cidadãos’, sendo igualmente abordada a
questão da ‘ética da administração pública’, pugnando pela observação de alguns
outros princípios, designadamente o do ‘não exercício de actividades externas
que possam interferir com o desempenho de funções no município ou criar
situações de conflitos de interesses’, o da ‘difusão da informação’ e o da ‘publicitação
das deliberações municipais e das decisões dos membros dos órgãos’.
Só que, colocados perante este dispositivo de
conceitos, o que pode e deve questionar-se é o seguinte: como é que a
sindicabilidade das decisões é possível se continua a ser inexistente a
transcrição das intervenções nas actas das reuniões do Executivo? Que
tipo de integridade e consideração ética nas acções está subjacente à não
inclusão nas actas das intervenções e especialmente das declarações de voto? De
que forma se exerce a promoção em tempo útil do debate necessário à tomada de
decisões, quando as convocatórias são entregues sem serem simultâneamente
acompanhadas da documentação inerente aos assuntos a debater? Que transparência
há na tomada de decisões e na difusão da informação quando a experiência de um
mandato inteiro mostra que a atribuição de
benefícios às pessoas singulares ou colectivas exteriores ao sector público
administrativo a título de subsídio, subvenção, bonificação, ajuda, incentivo
ou donativo, nunca foi semestralmente publicitada, num jornal local ou sequer no
boletim municipal, como o exige e impõe a Lei nº 26/94 de 19 de Agosto? Como entender o compromisso
ético de manutenção da mais estrita isenção e objectividade, quando há
munícipes que esperam há meses por resposta a comunicações dirigidas à
autarquia?
Em termos de diagnóstico da situação,
o Plano de 2011 mantém uma grande parte dos riscos anteriormente diagnosticados
em 2009, o que não deixa de ser preocupante, principalmente porque se trata de
riscos cuja especificidade pode mesmo pôr em causa a transparência na tomada
das decisões, entre os quais se realçam a insuficiência de fundamentação do
recurso ao ajuste directo quando baseado em critérios materiais, e a falta de
imparcialidade em relação aos processos de obras particulares e ao planeamento.
Mais preocupante ainda é a inclusão neste documento de riscos que não constavam do documento anterior e que, por isso mesmo, ou se trata de ‘riscos novos’, ou são ‘riscos velhos’ mas só agora detectados.
Mais preocupante ainda é a inclusão neste documento de riscos que não constavam do documento anterior e que, por isso mesmo, ou se trata de ‘riscos novos’, ou são ‘riscos velhos’ mas só agora detectados.
Já com carácter de gravidade e não de
simples preocupação, até porque é comum a unidades de todos os departamentos, é
o facto de ser muito frequente a ‘existência de contacto directo com
fornecedores, empreiteiros e prestadores de serviços’.
Particularmente grave, também, outros
dois riscos também muito frequentes: na Unidade de 3º Grau de Recursos Humanos,
a ‘utilização de critérios que não permitem que o recrutamento de pessoal seja
levado a cabo dentro de princípios de equidade; já na Unidade de 3º Grau de
Coordenação e Fiscalização de Obras, um dos grandes riscos decorre do facto de a ‘fiscalização ser assegurada por 1 único
técnico’.
Apesar de tudo, não pode deixar de
notar-se a boa vontade do documento na parte em que refere a importância em
que, ‘permanentemente, os cidadãos se interessem pela vida pública, acompanhem
e colaborem com a administração pública nas suas iniciativas, participem nas
instâncias próprias, expressem os seus objectivos, intervenham na tomada das
grandes opções politicas que infuenciam os seus destinos’.
Só que, ao ler-se esta parte do documento, não podem deixar de ser recordados as comentários, quase jocosos, feitos em relação à sugestão de implementação de um OrçamentoParticipativo, e bem assim questionar a razão pela qual nunca foi aberto nenhum período de intervenção pública para que os munícipes pudessem ter-se pronunciado sobre decisões estratégicas do concelho, como a adesão à AdRA, o Projecto Educativo, o número de Pólos Escolares, e a Casa da Cultura, entre outros; e isto para não falar do efeito nefasto da inexistência dessa intervenção pública num projecto como o da construção da Nova Alameda, em resultado do que aí estão as queixas de diversos proprietários.
Só que, ao ler-se esta parte do documento, não podem deixar de ser recordados as comentários, quase jocosos, feitos em relação à sugestão de implementação de um OrçamentoParticipativo, e bem assim questionar a razão pela qual nunca foi aberto nenhum período de intervenção pública para que os munícipes pudessem ter-se pronunciado sobre decisões estratégicas do concelho, como a adesão à AdRA, o Projecto Educativo, o número de Pólos Escolares, e a Casa da Cultura, entre outros; e isto para não falar do efeito nefasto da inexistência dessa intervenção pública num projecto como o da construção da Nova Alameda, em resultado do que aí estão as queixas de diversos proprietários.
Para terminar, uma manifestação de estranheza
pelo facto de entre os riscos diagnosticados se manter o da inexistência de
regulamento de atribuição de benefícios apenas e só na Unidade de Acção Social,
risco este que já não apareceu referenciado na Unidade de Desporto, quando é sabido
que os subsídios e apoios aos clubes desportivos continuam a ser atribuídos sem
obediência a qualquer regulamento que estabeleça procedimentos e critérios
objectivos.
E depois ainda há quem se admire que sejam suscitadas dúvidas quanto à equidade e transparência na atribuição dos subsídios aos clubes desportivos...
E depois ainda há quem se admire que sejam suscitadas dúvidas quanto à equidade e transparência na atribuição dos subsídios aos clubes desportivos...