terça-feira, 20 de março de 2012

A NOÇÃO DO TEMPO: QUATRO ANOS, É MUITO OU POUCO TEMPO?

A propósito de uma obra de responsabilidade pública, na confluência da Rua do Canto, na Giesta e da Rua das Poças, em Perrães, e que desde então se mantem inacabada, importa dizer que entre os momentos em que cada uma destas fotos foi obtida (Março de 2008 e Março de 2012), decorreram quatro anos.

E neste espaço de tempo tudo quanto depende da (falta de?) vontade do homem se manteve inalterável - é o caso do poste que suporta as linhas telefónicas, que por aí se vai mantendo, a meio caminho entre o muro e a estrada alcatroada, em posição privilegiada para aparar o embate de um qualquer peão, ciclista, motociclista ou automobilista; como é o caso das pontas de ferro, ainda à vista e já enferrujadas, e que assim se mantêm desde então na estrema do muro, a aguardar desenvolvimentos sobre a espectativa que em certa altura foi alimentada de poder vir a beneficiar a alargamento da Rua da Etar com que entronca.
As únicas alterações resultam de processos naturais, sem a interferência da (falta de?) vontade de quem começou a obra mas nada quer fazer para dá-la por concluída: é o caso das eras que envolvem o poste, e que em resultado do decurso de quatro anos apresentam uma invejável e verdejante vitalidade, consubstanciada numa irrepreensível capacidade de crescimento.

Entre os residentes a dúvida vai persistindo: há uns que afirmam que quatro anos ainda não é tempo demasiado, e que por isso mesmo, qualquer tempo é tempo para que o poste seja mudado; mas também há os que dizem que quatro anos já é tempo mais do que bastante para mudar um poste que se encontra em local inadequado, e que só a feliz ausência de acidentes tem permitido que daí não tenham resultado danos patrimoniais e / ou pessoais àqueles que por aí passam todos os dias.

Vá lá saber-se quem tem razão!!!

É que a noção do tempo é inferida a partir das fontes sensoriais e estabelecida através de processos psicossomáticos, com a envolvência de várias variáveis, muitas destas com origem puramente psicológica.

É por essa razão que todos nós somos afectados em determinado momento por ilusões de óptica, ou pela estranha sensação de que, em certos dias determinados factos decorrem de forma mais acelerada, e de que noutros dias os mesmos eventos decorrem de forma bem mais demorada.

E tudo isto acontece mesmo que um contador de tempo, um vulgar relógio, nos confirme que as nossas sensações estão erradas.

É por isso que, no caso em análise, uns dizem que quatro anos é muito tempo, havendo outros que insistem em garantir que é pouco tempo.

E no fim de contas, a dúvida persiste: afinal quem é que tem razão?