quarta-feira, 15 de junho de 2011

PARA ALÉM DO TIRO AOS POMBOS

Está mais que visto que vai haver uma hecatombe de ministeriáveis e ministeriados.

Temos assistido a um autêntico concurso de tiro aos pombos entre os meios de comunicação que fazem da fulanização política a sua razão de viver.

Os que, amanhã, tombarem em função das urgências políticas transformar-se-ão em especiais fontes de (des)informação por efeito daquilo que verdadeiramente nos torna pequeninos: a inveja.

Ora, do que Portugal necessita é de um governo que se comporte como equipa e possa assim ser particularmente eficaz por dois motivos óbvios: não temos dinheiro (e ontem a taxa a que nos podem emprestá-lo ultrapassou a da Grécia) e também não temos tempo.

Por isso, em vez de atirar nomes a ver se acertamos, todos faríamos um pouco melhor por nós próprios e pela Nação se déssemos um contributo decente para tentarmos definir o que poderá ser um governo eficaz para estes tempos de aflição e incerteza. É, de resto, nesta perspectiva que o JN publica nesta edição um conjunto de opiniões de personalidades e líderes de vários sectores importantes do nosso tecido económico.

Para além deste importante conjunto de opiniões, cabe ao país real, com o seu olhar distanciado das guerras palacianas que os tais media fulanizadores tentam interpretar, contribuir para o desenho do que seria um governo eficaz. O que para o país real não é seguramente tarefa hérculea: basta-lhe, ao país real, juntar o mais possível problemas e políticas que separadas por vários ministérios já vimos que não vão a parte alguma. Mesmo quando os tempos eram de vacas gordas.

Assim sendo, em tempos de vacas magras e urgências políticas talvez possamos esperar um só ministério da economia, obras públicas e emprego; um só ministério para as finanças, os fundos europeus, a administração pública e o financiamento da segurança social; um só ministério para a educação, o ensino e a formação profissional; um só ministério para a agricultura e o ordenamento do território; um só ministério para a saúde e a segurança social, etc, etc.

E sobretudo um ministério que, agrupando a administração interna e a justiça, fosse capaz de rapidamente e em força reordenar as forças policiais e de investigação criminal para que houvesse menos espalhafato mediático e mais justiça. Porque também nesta matéria o país real só pode olhar com um ar misericordioso para os linchamentos selectivos e cuja única resultante é a de tornar o nosso Portugal num local onde ninguém acredita em ninguém. O que num país com 10 milhões de almas se torna verdadeiramente irrespirável.

Manuel Tavares, aqui