segunda-feira, 2 de maio de 2011

'PRÓPUDOR'

O vice-presidente do PSD, Leite de Campos, é já a personagem destas eleições favorita de tudo o que é jornalismo ávido de "fait divers".

Com efeito, se não todas as noites, como no poema de Cesário, todos os dias "uma fantasia/ lhe emana [...] da fronte imaginosa", todos os dias exibe "uma mania/ aquela concepção vertiginosa" e Marinho e Pinto tem finalmente um adversário à altura no seu pícaro e renhido combate pela atenção dos média.

Desta vez, depois de ter descoberto que "quem recebe benefícios sociais são os mais espertos e aldrabões" e propor o pagamento desses benefícios em géneros, Leite de Campos apresentou-se na SIC como cavaleiro dos desgraçados portugueses que só ganham 10 000 euros por mês e que, com os 42% que o Estado lhes deduz, ficam com uns miseráveis 5800 euros limpos, o que não lhes dá "para casa, roupa lavada, comida, instrução dos filhos, doença e tudo o mais".

Desde que, ainda não há muito, as sondagens deram o PSD próximo da maioria absoluta, o partido transferiu-se com armas e bagagens para a carreira de tiro mediática e tem-se aí dedicado ao animado desporto do tiro no pé. De então para cá, de cada vez que Leite de Campos, o próprio Passos Coelho ou os selectos cavalheiros do clube "Mais sociedade" abrem a boca, o PSD desce mais um degrau nas intenções de voto.

Perguntar-se-ão os eleitores como há-de o PSD governar o país se não tem governo no seu próprio discurso

Manuel António Pina, aqui