segunda-feira, 2 de maio de 2011

PROCESSO DE CANONIZAÇÃO

Chama-se "processo de canonização" e é o modo como, há séculos, a Igreja católica distingue os seus mais notáveis membros.

Números exatos, não existem, mas calcula-se em mais de dez mil os santos e beatos já oficializados pelo Vaticano. Claro está, as regras foram mudando.

E um dos responsáveis pelas maiores alterações nas regras de canonização foi precisamente João Paulo II. Ele, que só no seu pontificado, canonizou 300 pessoas acabou com regras ancestrais como a que estabelecia limites temporais (de, pelo menos cinco anos, após a morte do candidato) para arranque do processo canónico. Esta regra foi quebrada precisamente com a abertura do processo de beatificação da Madre Teresa de Calcutá aberto em 1999, apenas dois anos após a morte da religiosa indicada.

Foi ainda o Papa polaco quem eliminou a figura do "advogado do diabo", que faz parte do léxico popular, mas que correspondia historicamente à personalidade destacada para contraditar as alegadas provas que justificam a beatificação ou a santificação de alguém.

Seja como for, a maioria dos processos é lenta - mesmo muito lenta - e passa obrigatoriamente por várias fases:

1. O bispo da diocese a que pertence o candidato a beato/santo investiga a sua vida e obra, tentando recolher provas das suas virtudes heroicas. A informação é, posteriormente, enviada para apreciação do Vaticano

2. O processo entra na Congregação para a Causa dos Santos, o departamento da Santa Sé responsável por estes assuntos (e do qual foi prefeito o cardeal português Saraiva Martins). A Congregação reúne os teólogos e os cardeais que entender necessários para avaliação do processo e, claro, das potencialidades do candidato

3. Se a Congregação avalizar a candidatura, e só nesta condição, cabe ao Papa proclamar o candidato (ou a candidata) como "venerável". A designação que a personalidade em causa é um modelo de virtudes católicas

4. O passo seguinte - e nem sempre dado - chama-se beatificação. Na prática, é um reconhecimento das virtudes católicas da personalidade investigada, mas num grau ainda mais acentuado. No caso de um beato ou de uma beata, a Igreja autoriza que passa a poder ser venerado por um grupo particular (profissional, local, ou outro) ou mesmo por determinada região. Neste caso, para a beatificação ocorrer é necessário a confirmação de um milagre realizado após a morte do "venerável" e por sua intercessão. Para a certificação deste milagre, mais uma vez é à Congregação da Causa dos Santos que cabe o papel principal. O processo decorre em circuito fechado, mas sabe-se que são necessárias provas . Personalidades médicas, análises clínicas ou científicas são, atualmente, condições sine qua non para a declaração de um milagre (no caso de João Paulo II foi certificada a cura miraculosa de uma religiosa francesa, que sofria de parkinson). De sublinhar que, no caso dos mártires mortos por motivos religiosos, a Igreja prescinde da existência de um milagre.

5. A declaração de santidade é, no fundo, o mais alto grau canónico da Igreja Católica. Para chegar a santo é necessária a confirmação de dois milagres póstumos atribuídos à mesma personalidade. O processo decorre nos mesmos moldes e junto da mesma Congregação. Uma vez declarado santo ou santa, fica-lhes consagrada a veneração universal por parte de toda a Igreja Católica. Só os santos têm estatuto para ser padroeiros, isto é protectores especiais de determinadas profissões, países, causas, Igrejas ou mesmo doenças...

Lista de santos e beatos portugueses

Enquanto se aguarda, no Vaticano a decisão sobre 33 candidaturas portuguesas a santos ou beatos (entre eles o da irmã Lúcia), aqui segue a lista - já bem composta - dos mais destacados católicos nacionais. Só contando, claro, a partir da formação da nacionalidade...

Santos e Santas portugueses
1. São Teotónio (1082-1162)
2. São Frei Gil (1184-1265)
3. São Gonçalo de Amarante (1187-1259)
4. Santo António de Lisboa (1195-1231)
5. Isabel de Aragão, Rainha Santa Isabel (1271-1336)
6.São Nuno de Santa Maria Álvares Pereira (1360-1431)
7. Santa Beatriz da Silva (1424-1492)
8. São João de Deus (1495-1550)
9. São Gonçalo Garcia (1557-1597)
10. São João de Brito (1647-1693)

Beatos e Beatas portugueses
1. Beata Sancha (1180-1229)
2. Beata Mafalda (1200-1256)
3. Beata Teresa (1181-1250) (todas as três eram filhas de Sancho I e infantas de Portugal)
4. Beato Fernando, Infante Santo (1402-1490)
5. Beata Joana a Princesa (1452-1490)
6. Frei Bartolomeu dos Mártires (1514-1590)
7. Miguel de Carvalho (1579-1624)
8. Rita Amada de Jesus (1848-1913)
9. Alexandrina de Balasar (1904-1955)
10. Francisco Marto (1908-1919)
11. Jacinta Marto (1910-1920)

Retirada daqui