sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

COLÉGIOS PODEM ENCERRAR

Escolas particulares da diocese admitem fechar ou despedir se o Governo reduzir apoios.

Colégio de Mogofores fecha portas e várias escolas poderão reduzir professores e funcionários caso se confirmem cortes anunciados pelo Estado nos contratos com escolas privadas. Pais e alunos dos estabelecimentos da Diocese de Aveiro unem-se, domingo, em Calvão, para discutir problemas.

O Colégio Salesiano de S. João Bosco, em Mogofores, Anadia, encerra portas se se confirmarem os cortes anunciados pelo Ministério da Educação, que quer alterar os contratos de associação que mantém com centenas de escolas particulares e cooperativas de todo o país.

O decreto-lei que regulamenta o apoio do Estado ao ensino privado e prevê cortes para o sector já foi remetido para promulgação do Presidente da República e aguarda uma decisão.

Dário Tavares, vice-director do Colégio de Mogofores, receia que os 267 alunos, 24 professores e 14 funcionários que todas as semanas pisam o estabelecimento, tenham de procurar outro caminho. "Recebíamos cerca de um milhão de euros por ano lectivo e passaremos para 800 mil euros, de acordo com a proposta do Governo. Isto significa o nosso fim, teremos de encerrar. A maioria dos estudantes são economicamente desfavorecidos e não poderão pagar mensalidades", explicou. Por todo o país, há estabelecimentos privados, religiosos ou não, que têm vindo a prestar serviço público através dos contratos de associação que estudam medidas de sobrevivência. Reduzir turmas, despedir professores e funcionários e fixar mensalidades são algumas das possibilidades em cima da mesa.

Pais protestam em Calvão
Para alertar para estes problemas, os encarregados de educação e alunos que frequentam os quatro estabelecimentos particulares católicos da diocese de Aveiro - Colégio Salesiano de Mogofores, Colégio Nossa Senhora da Assunção (Anadia), Instituto de Bustos (Oliveira do Bairro) e Colégio de Calvão (Vagos) - vão unir-se em assembleia, no próximo domingo, às 16 horas, no Colégio de Calvão. Os anfitriões aguardam a presença de D. António Marcelino, bispo emérito de Aveiro e responsável nacional da Conferência Episcopal da Escola Católica e esperam que se juntem à iniciativa representantes de associações de pais de outras escolas privadas de todo o país, para ganhar força e dimensão.

"Esta é uma luta principalmente dos pais", em prol da "escola que querem para os filhos", defende o padre Querubim Silva, director do Colégio de Calvão e presidente da Associação das Escolas Católicas. "Somos uma escola de serviço público mas de iniciativa privada. O ensino particular ou cooperativo poupa ao Estado, em média, 1000 euros por cada aluno/ano", sublinha, lamentando os cortes anunciados pelo Ministério da Educação. Em Calvão serão afectados 1018 alunos, a que se juntam 168 postos de trabalho, entre professores e funcionários.

Ao lado, em Bustos, a directora pedagógica, Dulce Miranda, diz que a situação é de "asfixia e desespero" e irá obrigar, "inevitavelmente, a reduzir a qualidade de ensino". Já a direcção do Colégio de Anadia não quis, por enquanto, prestar declarações.

"Isto não vai ficar assim, nem que seja necessário ir até aos tribunais de Bruxelas. Nós não somos descartáveis, [escolas] de quem o Estado se serviu enquanto precisou e agora chuta para um canto", afirma Querubim Silva.

Zulay Costa, aqui